ESPAÇOS (MAL) DITOS: representações dos bordéis mossoroenses nas décadas de 1950 e 1960.
Espaços da prostituição; Representação; Memória e Cidade.
A cidade que se apresenta aos nossos olhos não é constituída apenas de pedra. O traçado urbano esconde as táticas dos sujeitos que subjetivam os espaços, dando-lhe significação por meio das representações que elabora, sejam escritas ou orais. A cidade é arte, é representação, é o lugar onde se abrigam os bons e maus lugares. O objetivo desse trabalho consiste em analisar as representações acerca dos espaços ocupados pelos bordéis mossoroenses nas décadas de 1950 e 1960. Com esse objetivo organizamos o trabalho em três capítulos. No primeiro, apresentamos a constituição da zona do meretrício na cidade, destacando a composição das espacialidades boêmias em bons e maus lugares. No segundo capítulo analisamos como as representações elaboradas pelo jornal O Mossoroense criava uma espacialidade maldita para a zona a identificando como o lugar do crime e da contravenção. No último capítulo buscamos identificar como os moradores de Mossoró reconstroem, no tempo contemporâneo, as suas memórias sobre o tempo áureo dos bordéis na cidade. Nas narrativas orais buscamos compreender como as pessoas descrevem os lugares do bordel, comparando as espacialidades do passado com o presente vivenciado na cidade. Portanto, discutimos como esses espaços foram sendo transformados em lugares de prazer e maldição, como lugares comuns se transformaram em lugares marcados moralmente.