O BRASIL MOSAICO DE MARIA BETHÂNIA: PERSPECTIVAS DA TRADIÇÃO LITERÁRIA E DA ENTIDADE NACIONAL EM CADERNO DE POESIAS
Maria Bethânia; Caderno de Poesias; Entidade nacional; Memória Cultural; Tradição Literária.
Esta tese se debruça sobre o livro organizado por Maria Bethânia, Caderno de Poesias (2015). A obra de caráter fragmentado apresenta sessenta e cinco textos que, juntos, criam a imagem de um Brasil idealizado e vislumbrado pela curadora. O foco desta pesquisa está na análise do recorte realizado por Bethânia e como sua configuração contribui para a criação de uma entidade brasileira, expressão tomada de préstimo do autor Mário de Andrade que denota uma não homogeneização dos aspectos formadores do nosso país. O Brasil na obra de Bethânia é compreendido através dos processos literários, históricos e culturais que moldam a sociedade brasileira. Assim, nosso objetivo é interpretar como cada texto literário representa uma imagem nacional e pode ser chave para o entendimento de um país heterogêneo e em constante transformação. Especificamente, almeja: a) analisar sob um viés crítico literário os textos contidos em Caderno de Poesias — a fim de pôr em discussão a estética dos autores, suas temáticas, representações sociais, bem como histórico-literárias; e b) construir, através dos textos que compõem a obra, a imagem de um Brasil multiforme, mas que dialoga em tradições. Para tal, foi realizada pesquisa bibliográfica e análise literária com base nos pressupostos da crítica integrativa de Antonio Candido (2006), dos estudos de Luís da Câmara Cascudo (2001) — especialmente pelo autor permear por entre a tradição literária e o social. — e do olhar crítico de Leyla Perrone-Moisés em seu livro Vira e mexe nacionalismo: paradoxos do nacionalismo literário (2007), onde a autora investiga detalhadamente questões fundamentais da crítica contemporânea, como a concepção de “cultura” e os contrastes colonialismo/nacionalismo, identidade/alteridade. Diversos autores servirão de base para a análise individual dos textos do livro perscrutado, tais como: Armstrong (2005), Barthes (1988), Bertrand Westphal (2011), entre outros.