Exposição à mistura de elementos essenciais e tóxicos em pessoas idosas institucionalizadas e associações com controle glicêmico e o perfil lipídico
Metais tóxicos. Elementos traços. Pessoas idosas. Instituição de Longa Permanência. Glicemia. Lipídeos
Justificativa: As populações estão constantemente expostas de maneira simultânea aos elementos essenciais e tóxicos. O excesso ou deficiência dessas substâncias pode afetar diversas funções metabólicas como o controle glicêmico e o perfil lipídico. As pessoas idosas apresentam deficiência progressiva na capacidade de desintoxicação pelos elementos, e ao mesmo temo, são suscetíveis à dislipidemias e alterações no controle glicêmico.
Objetivo: avaliar a associação da mistura de elementos essenciais e tóxicos no plasma de pessoas idosas institucionalizadas e testar as associações com as variáveis do controle glicêmico e perfil lipídico.
Métodos: O presente estudo do tipo transversal sendo a população constituída por 149 pessoas idosas, residentes em Instituições de Longa Permanência para Idosos (ILPI) públicas e privadas, da cidade de Natal/RN. Seis elementos essenciais (Co, Cu, Fe, Mn, Se e Zn) e dez tóxicos (Al, As, Ba, Cd, Hg, Li, Ni, Pb, Rb e Sr) definiram a composição da mistura, os quais foram avaliados no plasma por espectrometria de massa com plasma indutivamente acoplado (ICPMS). A Bayesian kernel machine regression (BKMR) foi usada para estimar os potenciais interações entre os elementos e testar as associações coma glicemia, hemoglobina glicada, colesterol total, lipoproteína de alta densidade (HDL-c), lipoproteína de baixa densidade (LDL-c) e triglicerídeos. O modelo foi ajustado utilizando o método de Monte Carlo via Cadeias de Markov (MCMC) através de um algoritmo MCMC híbrido Gibbs/Metropolis-Hastings. As covariáveis sexo, idade, tipo de ILPI, raça/cor, IMC, tabagismo, alcoolismo e número de comorbidades foram usadas para ajustes do modelo.
Resultados: A população de pessoas idosas tinha em sua maioria (60%) idade ≥ 80 anos. Os maiores valores da probabilidade de inclusão a posteriori dos grupos (PIP) foram observados quanto ao efeito do Fe no colesterol total (PIP = 0,4192); e do Ba (PIP = 0,6802), Cu (0,3970) e Fe (0,3490) nos triglicerídeos. As respostas à exposição na análise univariada foram aproximadamente lineares, com exceção do Fe. Nenhuma associação foi observada após a fixação de todos os metais em um percentil específico (25º, 50º, ou 75º). A mistura dos elementos foi associada negativamente para colesterol total e LDL diante de concentrações abaixo dos percentis 40º e 30º. Nenhuma associação foi detectada entre a mistura dos elementos com os parâmetros do controle glicêmico.
Conclusão: a mistura dos elementos, em menor concentração, foi associada negativamente ao colesterol total e ao LDL. O Fe desempenhou papel crucial no desfecho do colesterol total. Estes resultados sugerem que a menor coexposição a mistura de elementos essenciais e tóxicos indicou menor risco no aumento do colesterol total e do LDL-c na população do estudo.