Este trabalho desenvolve um estudo etnográfico comunicacional com o povo Mendonça Potiguara, no estado do Rio Grande do Norte, focalizando além dos processos comunicativos no mundo físico a sua relação com a ambiência digital. Utilizamos para sua feitura uma etnografia do Sul tomando por base a teoria de Boaventura Santos (2007). Identificamos no estudo, práticas comunicativas a partir da etnografia comunicacional que executamos na comunidade. Analisamos como as ferramentas digitais têm sido utilizadas pelo grupo, por meio da análise da página no Facebook da Comunidade Indígena Santa Terezinha Povo Mendonça Potiguara e do blog Amarelão em Foco. Examinamos as redes sociais das lideranças indígenas durante as eleições presidenciais. Observamos a Festa da Castanha enquanto um processo comunicacional. Por meio do estudo investigatório e com base no conceito de bios virtual (SODRÉ, 2009) levantamos a hipótese de que a imersão indígena na virtualidade e a aderência ao ciberespaço implica uma nova qualificação de vida. O abissal é descrito por Santos (2009) como sendo um campo de invisibilidade social, onde há forças de supressão atuando sob os habitantes deste espaço social. É este o contexto sociológico em que os índios estão inseridos. Em vista desta perspectiva, visamos desvendar como as práticas comunicativas advindas das ações dos habitantes do abissal provocam fissuras na linha radical.