Transhumanismo: uma nova metanarrativa
Humanismo; Transhumanismo; Transhumanismo tecnoprogressista
Pretendemos, neste trabalho, fazer uma defesa de que o Transhumanismo Tecnoprogressista, desenvolvido por James Hughes e David Wood, pode promover uma nova metanarrativa a partir da qual podemos contemplar um horizonte para uma possível solução ao rol numeroso de atrocidades que culminam no risco existencial. O Transhumanismo não é um movimento filosófico, cultural, político e social monolítico. As subdivisões ocorrem, proeminentemente, em virtude do matiz político que orienta cada submovimento. Além do Transhumanismo Tecnoprogressista, há o Extropinismo, fundado por Max More e inserido no neoliberalismo, e o UpWingers, fundado por FM-2030 – ou seu antigo nome Fereidon Esfandiary –, que expressa uma visão política alternativa à antiga dicotomia direita-esquerda. Criticamos aqui o extropianismo por sua fundamentação ocorrer dentro das bases falidas do neoliberalismo pós-crise de 2008 e por sua inconsistência em adotar uma filosofia de afirmação da vida fundamentada na recorrente prática da austeridade. Discutimos que, embora o transhumanismo tenha raízes no humanismo, suas proposições o transcendem. Apesar dos benefícios que o humanismo nos proporcionou ao inventar o humano e sua dignidade, seus direitos e prerrogativas, tirando-nos da dependência do divino, o movimento também inventou os processos de desumanização. Cabe, então, ao Transhumanismo Tecnoprogressista propor um cenário eutópico onde possamos conceber o fim do sofrimento de humanos e outros animais a partir do uso da tecnologia, extensão de nossa natureza, e de uma filosofia otimista de afirmação da vida.