O estilo da negação: O papel da vanguarda e do desvio na superação da arte proposta por Guy Debord
Arte moderna; Vanguarda; Espetáculo; Desvio.
O objetivo desse trabalho é analisar a contribuição das discussões sobre a arte moderna e a experiência dos movimentos de vanguarda do início do século XX na teoria política do pensador e estrategista francês Guy Debord. Veremos que a compreensão da crítica da cultura, que foi um dos focos principais da atuação do autor durante os seus anos à frente da Internacional Situacionista (IS), é essencial para o entendimento da crítica ao capitalismo tardio desenvolvida por ele a partir de seu conceito de “espetáculo”, presente em seu livro de 1967, A Sociedade do Espetáculo. Para isso, faremos uma análise da passagem de Guy Debord pelo Letrismo e pela Internacional Letrista, para demonstrar o pano de fundo das discussões que deram origem às noções de deriva, psicogeografia, desvio e construção de situações – essenciais para a criação da IS. A partir disso, examinaremos a crítica à cultura da segunda metade do século XX, exposta no documento de fundação da Internacional Situacionista, de 1957, para compreender como as experiências do surrealismo e do dadaísmo foram essenciais à noção de “superação da arte” defendida por Debord e por seus companheiros. Por último, veremos como a análise da vanguarda, enquanto forma de organização artística e política, e a utilização do desvio (détournement), enquanto um método de ação que ultrapassa o seu uso meramente artístico, possibilita uma forma de retorno ao que havia de avançado no pensamento revolucionário presente na prática vanguardista do início do século passado, elaborando assim uma maneira de recolocar em jogo uma reivindicação pelo uso direto da vida, já enunciado pelas primeiras vanguardas.