Alienação; teoria do valor; mercadoria; tempo; liberdade; Karl Marx.
O trabalho a ser desenvolvido tem como objetivo dar continuidade à pesquisa iniciada no mestrado onde, tendo por foco a categoria alienação (Entfremdung), faz-se uma releitura dos Manuscritos econômico-filosóficos (1844) e de O Capital (1867), destacando que em ambas o objeto de estudo de Marx é o mesmo, a saber: a dinâmica alienada do modo de produção capitalista. Pretende-se incorporar os Grundrisse à pesquisa, fazendo, em um primeiro momento, um estudo dos Manuscritos econômico-filosóficos, investigando tais esboços a luz da teoria do valor presente em O Capital e de Para uma ontologia do ser social, de Gyorgy Lukács. Investigar os Grundrisse e os Manuscritos nos auxiliará a desvelar o caminho percorrido por Marx de 1843-44 a 1857-58, tornando possível defender, em um segundo momento, que os Grundrisse tem por fio condutor a argumentação de que a especificidade do capitalismo está em seu processo de produção. Enfatiza-se ainda a importância do filósofo húngaro Gyorgy Lukács para o pensamento marxista e a inflexão que a leitura dos Manuscritos econômico-filosóficos promovera em seu pensamento. Os Grundrisse, ao mesmo tempo que são um ponto de chegada, tornam-se o ponto de partida de Marx para chegar em O Capital, pois é a partir dos Grundrisse que as categorias passam a ser melhor determinadas historicamente. Com O Capital, será possível destacar a centralidade da teoria do valor para a crítica da economia política. Por fim, sob inspiração da obra “Tempo, trabalho e dominação social” de Moishe Postone, procurar-se-á estabelecer o vínculo entre o fetichismo da mercadoria e a dimensão da temporalidade, enfatizando a dimensão temporal presente na teoria do valor de Marx e o tipo de dominação social a que estamos subsumidos no capitalismo. A partir dos Grundrisse e de O Capital será possível defender que a dinâmica alienada do capital efetiva uma temporalidade específica, a qual modela e medeia todas as nossas relações sociais, nossas formas de interpretar o mundo e de agir sobre ele. Dito de outra forma, buscar-se-á defender que o tempo no capitalismo se constitui como uma dominação abstrata, sendo tal dominação decorrência da dinâmica alienada do próprio modo de produção capitalista.