A revolta: diálogos entre Kierkegaard e Dostoiévski na construção do conceito de angústia como paradoxo fundamental ao caminho de fé
Angústia; Liberdade; Subjetividade; Paradoxo.
A contemporaneidade parece não ter conseguido compreender a profundidade do conceito de angústia nem sua relação com a liberdade e a formação do sujeito. Entende-se como emergencial uma nova compreensão do conceito de angústia a partir do pensamento filosófico do dinamarquês Søren Kierkegaard, aprofundando a reflexão do paradoxo da superação teleológica da moralidade e os fundamentos do pecado hereditário. Ao observar a história da literatura, vê-se que a relação entre angústia e sujeito é recorrente. O exemplo mais forte encontra-se na literatura russa, na obra de Fiódor Dostoiévski, especialmente no “angustiado” Ivan Fiódorovitch Karamázov, que, buscando compreender a natureza humana frente a sua liberdade, encontra a angústia em suas várias manifestações. Para muito além de uma análise literária, encara-se como necessária uma releitura da obra de Dostoiévski com o auxílio dos conceitos existenciais de Kierkegaard, fazendo destes uma verdadeira chave hermenêutica para a literatura, permitindo, assim, uma nova possibilidade de análise e uma situação de encontro entre os dois autores.