O problema da responsabilidade moral em Arthur Schopenhauer
Schopenhauer; Responsabilidade; Liberdade; Necessidade;
Na filosofia de Schopenhauer, a liberdade reside apenas na Vontade, as ações são determinadas necessariamente pela causalidade. Diante disto, como seria compatível a atuação simultânea no homem da vontade metafísica livre e do determinismo das ações individuais? Schopenhauer assegura que todas as ações são determinadas na mesma proporção de um relógio, mas também assegura que o homem, em sua essência, é vontade, e esta, por sua vez, é livre, todo-poderosa e insondável. A aparente contradição pode levar ao questionamento: como o homem pode ser determinado, ou seja, não pode decidir ser outro, mas ainda assim pode ser considerado como sua própria obra? Seguiremos analisando em que medida o homem pode ser responsabilizado por suas ações, com base nos conceitos que permeiam o problema da responsabilidade moral na filosofia de Schopenhauer. Serão abordados conceitos como “caráter”, “motivação”, “intelecto” e “asseidade”, sendo este último fundamental para compreensão da expressão, empregada por Schopenhauer, “o homem como sua própria obra”. Visamos, com isso, compreender de que maneira o homem possui um caráter imutável, mas pode ser afetado externamente por motivos articulados pelo intelecto, esclarecendo as principais dificuldades e objeções comumente encontradas nas leituras do filósofo. A leitura das noções de liberdade e necessidade em Schopenhauer pode conduzir a uma classificação do filósofo como compatibilista, sob a justificativa de que ele defende a existência de liberdade e determinismo simultaneamente. Porém, as definições correntes do compatibilismo tratam de compatibilidade entre liberdade de ação e determinismo, enquanto em Schopenhauer a liberdade reside apenas no caráter inteligível, e este, por sua vez, diz respeito apenas ao “ser”, não ao “agir”. Veremos que a classificação mais acertada para Schopenhauer é a de determinista, concepção que encontra algumas dificuldades em sua aceitação, a saber, o sentimento de liberdade, o sentimento de arrependimento e remorso, e a imputabilidade da responsabilidade moral, este último culminando no tema central do nosso trabalho.