O DESENHO, O CORPO E A DEFICIÊNCIA VISUAL: DIÁLOGOS ENTRE O ENSINO DE ARTES VISUAIS E A INCLUSÃO ESCOLAR
Artes Visuais. Arte contemporânea. Corpo. Desenho. Deficiência visual.
Esta dissertação objetiva construir no contexto do ensino de Artes Visuais estratégias didáticas para compreensão do desenho como ato corporal, considerando a apropriação desse conhecimento pelos estudantes com e sem deficiência visual no âmbito da sala de aula regular sob a ótica da arte contemporânea. Mais particularmente, objetivamos evidenciar na produção da arte contemporânea possibilidades pedagógicas na interface corpo e desenho abstrato, tendo em vista a participação de estudantes com e sem deficiência visual; desencadear processos de criação de desenhos abstratos mobilizando o corpo desses estudantes, a partir da realização de oficinas pedagógicas e analisar a experiência construída, relacionando corpo, deficiência visual e arte contemporânea. O enfoque metodológico fundamenta-se na pesquisa intervenção na perspectiva da filosofia da linguagem de Mikhail Bakhtin (2011) e escritos de Jobim e Souza (2016), tendo por campo empírico uma Escola Municipal, localizada em Natal/RN, em uma turma de 6º ano, na qual estão matriculados vinte e oito estudantes com e sem deficiência visual, dentre os quais um estudante tem baixa visão. Para a produção dos dados, realizaram-se nove Oficinas Pedagógicas, entrevistas, registros audiovisuais e visuais com câmera digital e caderno-portfólio. Trata-se de uma pesquisa embasada na concepção de corpo estesiológico, conforme Merleau-Ponty (1945/2015) e Nóbrega (2015), nas ideias de arte contemporânea de Danto (2006) e Cauquelin (2005; 2010) e no entendimento de inclusão e deficiência visual segundo Amiralian (2009) e na produção artística de Tony Orrico (1979) e Jackson Pollock (1912 – 1956), dentre outros autores. Apreendemos desse estudo que no campo pedagógico do ensino de Artes Visuais, problematizar o ver por meio do ensino de desenho abstrato potencializa a poética na experimentação do corpo e na relação deste com outros corpos e a expressividade. A experiência de criação conduziu cada estudante a se expressar na construção do próprio repertório, aprendendo a desafiar seus limites. A voz dos estudantes possibilitou perceber que o desenho como ato corporal configurou-se como corpodesenhante e a oficina como um espaço inclusivo e de experiência estesiológica.