A AMBIGUIDADE DO DISCURSO RETÓRICO: CAMINHOS E DESCAMINHOS DA PERSUASÃO (PEITHÓ) COMO INSTRUMENTO PARA A FILOSOFIA NO GÓRGIAS DE PLATÃO
Ambiguidade; Persuasão; Retórica; Sócrates; Platão; Górgias.
Esta dissertação apresenta um estudo sobre o diálogo Górgias, de Platão, interpretando que essa obra é uma reflexão sobre a crítica platônica à retórica sofística, desenvolvendo a ideia de que ela é empeiria, produtora de lisonja (κολακευτική). Encontramos elementos ambíguos que revelam que, apesar de criticar a persuasão (πειθώ), Sócrates a reconhece como um requisito essencial para conduzir o elenchos (ελενκος). No diálogo, Sócrates vê-se diante de três interlocutores, Górgias, Polo e Cácicles. Este último sendo o seu algoz principal. Reconhecemos o diálogo em seu contexto histórico-cultural, visto que a Retórica, e seu elemento de persuasão, eram insumos constitutivos da cultura grega. Consideramos que o intuito de Platão é repensar os elementos retóricos e persuasivos dos sofistas a fim de alhures, expor a “verdadeira retórica”, ou seja, a Filosofia. Para isso, Platão faz uma análise da retórica persuasiva, colocando frente ao seu mestre um expoente da sofística, Górgias; e procura desvelar sua arte (τέχνη). Contudo, apesar de podermos reconhecer nele os elementos necessários, o diálogo finaliza sem diálogo, uma vez que não há persuasão de nenhum dos lados. Consideramos que todos esses pontos serão relevantes para compreendermos a persuasão (πειθώ) como um dos elementos basilares na oralidade grega e da dialética platônica.