TURISMO DE BASE COMUNITÁRIA E O EMPODERAMENTO FEMININO NA COMUNIDADE INDÍGENA CATU DOS ELEOTÉRIOS
Turismo de Base Comunitária. Empoderamento Feminino. Comunidade Indígena. Catu dos Eleotérios, Canguaretama/Goianinha - RN.
O Turismo de Base Comunitária (TBC) é uma forma de gestão do turismo desenvolvida, geralmente, em território de povos indígenas e comunidades tradicionais sob os princípios da autogestão, equidade social, solidariedade, cooperação e interculturalidade. A participação majoritária de mulheres em iniciativas de TBC é amplamente reconhecida pela Organização Mundial do Turismo (OMT) e pela Entidade das Nações Unidas para a Igualdade de Gênero e o Empoderamento das Mulheres (ONU Mulheres). A atuação de mulheres em iniciativas de TBC, no entanto, não enseja um processo automático de empoderamento feminino e de igualdade de gênero. Nesse sentido, o estudo tem por objetivo analisar a atuação das mulheres no desenvolvimento do Turismo de Base Comunitária na comunidade indígena Catu dos Eleotérios, situada no estado do Rio Grande do Norte, e seus possíveis efeitos no empoderamento feminino e na dinâmica social indígena. Como objetivos específicos, o trabalho direciona-se a: revelar a dinâmica social indígena e a divisão sexual do trabalho na comunidade Catu dos Eleotérios; identificar os resultados gerados pelo Turismo de Base Comunitária e os desafios para o seu desenvolvimento, na perspectiva das mulheres catuzeiras; e verificar se o Turismo de Base Comunitária desencadeou processos de empoderamento feminino e alteração da posição social da mulher na comunidade indígena. A pesquisa utilizou como inspiração, o método etnográfico, com a aplicação de técnicas de observação participante e entrevistas semiestruturadas, possibilitando explorar as perspectivas, as experiências e os significados atribuídos pelas mulheres ao seu envolvimento no TBC. Como resultado, verifica-se um processo inicial de empoderamento feminino das mulheres catuzeiras nas dimensões psicológica, social, econômica e política. Na dimensão psicológica, é notável o aumento da autoestima, da participação ativa, da autoconfiança e de maior autonomia das mulheres indígenas. Na dimensão social, verifica-se o posicionamento das mulheres de forma mais independente, conquistando visibilidade, poder de fala e de tomada de decisão, fortalecendo a posição social das mulheres no interior da comunidade. Na dimensão econômica, as mulheres passaram a ter uma fonte de renda alternativa com o turismo, conferindo maior autonomia financeira e influência nas dinâmicas familiares, com papéis de destaque como empreendedoras e artesãs. Já no que se refere ao empoderamento político, as mulheres passaram a participar mais das decisões da comunidade e a representar a comunidade em organizações externas, no entanto, ainda não exercem papéis de liderança. Apesar dos avanços, alguns desafios persistem no que se refere a desigualdade de gênero, tais como a sobrecarga das mulheres nas atividades domésticas e o machismo baseado nas estruturas patriarcais, obstáculos enraizados na estrutura social da comunidade, que ainda precisam ser superados.