A ESCOLA E O SABER ESCOLAR EM UMA TEIA DE SENTIDOS: REPRESENTAÇÕES DE ALUNOS DE 6° E 7° ANOS E SUAS IMPLICAÇÕES NA RELAÇÃO COM O SABER
Representações; 6° ano; Escola; Relação com o saber.
Esta pesquisa investigou as representações dos alunos de 6° e 7° anos sobre a escola e a sua relação com o saber escolar. Realizada na Escola Municipal Professora Francisca Ferreira da Silva, em Natal – RN, a pesquisa objetivou analisar as representações que os estudantes de 6° e 7° anos tinham sobre a escola, o saber escolar e seus professores, analisando de que modo todas elas se entremeavam e repercutiam diretamente na relação que os sujeitos mantinham com a escola e o saber escolar. Fundamentados em uma perspectiva sócio-histórica, amparamo-nos em Chartier (1990) a partir dos seus conceitos de representações, práticas e apropriação, e em Charlot (2000) por meios das noções da Relação com o Saber e seus elementos básicos tais como: desejo, sentido, mobilização, figuras do aprender e relações identitárias e epistêmicas com o saber. Apoiados nos princípios da abordagem qualitativa, adotamos como procedimentos metodológicos o questionário e a entrevista semiestruturada. Os dados evidenciaram que em uma multiplicidade de sentidos, a escola representa um meio de acesso ao futuro e inserção socioprofissional, ao mesmo tempo em que se constitui um importante espaço de sociabilidade para a juventude e, contraditoriamente, um espaço de exclusão marcado por diversas formas de violência e desmobilização. Em conformidade com tais representações, o saber escolar, na figura do aprender, assume status de mercadoria para atender a uma lógica avaliativa classificatória, em uma relação na qual se aprende para tirar boas notas, passar de ano e chegar ao futuro idealizado e como modo de inserção social relacionado ao seu uso em práticas sociais cotidianas, distanciando-se cada vez da função social da escola como lugar de saber, formação intelectual e desenvolvimento crítico e humano dos sujeitos. As representações sobre os professores revelaram as práticas que alimentavam aqueles processos de apropriação inadequados. Os professores mediadores estabeleciam fatores de mobilização e acompanhamento da aprendizagem, mas esbarravam em uma prática fundamentada na transmissão de informações descontextualizadas, reforçando o sentido do saber enquanto necessário para atender, prioritariamente, ao processo avaliativo. Os professores autoritários, por sua vez, aprofundavam drasticamente este sentido, configurando-se como agentes de exclusão e desmobilização dos alunos, adotando posturas inadequadas e indefinições teóricometodológicas que incidiam diretamente nas relações que os sujeitos mantinham com a escola e o saber escolar. A pesquisa demonstrou a urgência em se resgatar o sentido da escola pautado em uma perspectiva antropológica, no qual os processos de aprender e ensinar devem estar fundamentados na formação intelectual e humanização dos sujeitos.