PROTAGONISMO FEMININO INDIGENA E A RESSIGNIFICAÇÃO DAS PRÁTICAS EDUCATIVAS E RESISTÊNCIAS DO POVO CARIRI DE POÇO DANTAS - UMARI
Aldeia Poço Dantas. Protagonismo Feminino Indígena. Práticas educativas. Resistência.
Esta tese tem por objetivo problematizar o movimento de retomada de ações educativas do povo cariri que contribuiu para fortalecer a construção de um movimento de vida coletivo na Aldeia Poço Dantas – Umari, na cidade de Crato – CE. Acredito que o movimento indígena representa um símbolo de resistência e de luta pelos direto à autonomia, no qual a obstinação dos povos originários passa pela apropriação do conhecimento, território e autoidentificação. Optei por fazer uma escrita da história do povo cariri, voltada ao tempo presente, a partir dos pressupostos de Reinando Lohn (2019), ao refletir sobre uma história questionada pelo presente e suas interações com a luta política de resistência. Metodologicamente, utilizo uma abordagem qualitativa a partir da História Oral como fonte histórica e método, me detendo na História Oral Temática, por me debruçar sobre a vida das entrevistadas, entre os anos de 1997 e 2020. Fiz o cruzamento de fontes históricas, proposta e sistematizada por Paul Thompson (2002), que consiste em cruzar informações presentes nas narrativas orais com outras fontes, escritas, iconográficas, mapas, vídeos e documentários. A partir dessa perspectiva, produzi o que Meihy e Holanda (2017) conceituam como História Oral Hibrida. O recorte temporal tem início no ano de 1997, com o despertar da autoidentidade cariri a partir da chegada de Rosi Kariri na Comunidade Poço Dantas e finda no ano de 2020, com a criação do Movimento Retomada Cariri, visando a construção de um movimento coletivo e sonho de implantação de uma escola indígena. Dialoguei com as seguintes categorias: protagonismo feminino indígena, a partir de Silva (2021) e Paiva (2018), práticas educativas indígenas, a partir de Araújo (2018) e educação indígena, através de Munduruku (2012) e Kambeba (2020); Identidade por meio de Munduruku (2009, 2012), identidade cultural a partir de Hall (2020), território a partir de Krenak (1989), memória por meio de Halbwachs (2013) e Ecléa Bosi (2023), etnogênese indígena a partir de Palitot (2010) e resistência através dos escritos de Foucault (1998). Essa pesquisa foi desenvolvida no campo da Educação, e no interior do Grupo de Pesquisa Observatório das Heterotopias. Conclui-se pela confirmação da hipótese de que as práticas educativas ressignificadas pelo movimento de retomada Cariri são um dos principais meios de resistência do povo Cariri em prol do projeto de vida coletivo