O WORKSHOP DE ARQUITETURA E URBANISMO (W-AU) COMO PEDAGOGIA DA CONCEPÇÃO COLABORATIVA
Arquitetura, Urbanismo, Workshop, W-AU, Projeto, Concepção colaborativa
A presente pesquisa parte do postulado de que "a concepção e a implementação de um Projeto Arquitetônico, por mais simples que seja, é fruto de esforços colaborativos, e requerem a perícia de um grupo de pessoas, que trabalhe conjuntamente para alcançar um objetivo singular" (MCPEEK, 2009, p. 1)[1]; ao passo que na formação do arquiteto, “a maioria dos ateliês de projeto lida quase que exclusivamente com o indivíduo, enquanto que a complexidade das práticas contemporâneas requer colaboração em equipe" (CROSBIE, 1995)[2]. Estas constatações levantam à seguinte questão inicial de pesquisa:
Como o ensino da Arquitetura e do Urbanismo atende à necessidade de formar futuros profissionais com habilidades colaborativas fundamentais para o desempenho desta função? A pedagogia utilizada hoje em dia em grande parte das escolas de Arquitetura e Urbanismo na Europa e no Brasil é baseada no modelo da Escola de Belas Artes, que propõe uma colaboração quase que exclusiva entre professor e aluno. Neste contexto, estamos interessados no estudo de uma prática de ateliê colaborativo inspirado na Escola Bauhaus, o Workshop de Arquitetura e Urbanismo (W-AU). Este ateliê intensivo de curta duração é um método da prática do projeto colaborativo, que cada vez mais acontece de forma bem sucedida em universidades do mundo inteiro. No entanto, o W-AU, assim como outras tentativas de pedagogia colaborativa em Arquitetura e Urbanismo, na maioria das vezes está limitado a eventos pontuais e raramente se integra à estrutura curricular formal (BRONET et al., 2003; CANNON, 2001).
O objetivo principal desta pesquisa é analisar as potencialidades e os limites do Workshop de Arquitetura e Urbanismo, visando identificar em que medida ele pode ser uma ferramenta pedagógica eficaz na promoção do aprendizado de competências de colaboração, sobretudo no que diz respeito à concepção projetual, no âmbito do ensino formal da Arquitetura e do Urbanismo.
Para atingir esse objetivo, estabelecemos as seguintes abordagens de investigação:
Fundamentados na prática reflexiva de um estudo de caso, desenvolvemos uma concepção preliminar do W-AU. Em seguida, realizamos uma pesquisa bibliográfica para sintetizar e referenciar as problemáticas relacionadas à educação da Arquitetura e do Urbanismo em ateliê de projeto, às praticas do atelier intensivo de curta duração e ao ensino da concepção colaborativa.
A concepção inicial do W-AU foi fortalecida com uma pesquisa tipológica. Baseado num estudo de caso múltiplo realizado a partir de dados documentais, o objetivo deste estudo é categorizar os diferentes tipos de W-AUs segundo 6 critérios (Natureza da instituição organizadora / objetivos esperados pela instituição / temporalidade do W-AU / temas abordados / natureza dos participantes / resultado final). O resultado é a formulação e a descrição afinadas dos tipos principais de W-AUs.
Para consolidar a abordagem metodológica desta pesquisa, analisamos um conjunto de trabalhos exemplares que lidam com a Concepção Colaborativa, segundo três critérios: Paradigmas (filosofia subjacente), Estratégias (métodos ou tradições de investigação) e Táticas (técnicas de coleta e análise de dados) (AGOSTINHO, 2005; DENZIN; LINCOLN, 1994).
Diante da análise destes trabalhos exemplares, direcionamos nosso trabalho de acordo com duas abordagens de pesquisa qualitativa complementares. A primeira abordagem visa à continuação da estratégia de tipificação dos W-AUs. Através do aprofundamento dos estudos de caso referenciados com entrevistas e dados documentais complementares, pretendemos montar um banco de dados sobre as práticas mundiais do W-AU afim de servir de suporte à exploração deste fenômeno. Paralelamente a isso, nós pretendemos realizar uma pesquisa de identificação e avaliação das competências de concepção colaborativa em W-AU. Na ocasião do W-AU EQUINOX 2012 que foi realizado em setembro 2012 com a participação da ENSA-Marseille e da UFRN, aplicamos um protocolo de pesquisa-ação com um grupo alunos observadores. O mesmo protocolo será aplicado sucessivamente no W-AU do primeiro ano de mestrado da ENSA-Marseille em janeiro 2013 e no W-AU Marseille - Cidade Europeia da Cultura, em julho de 2013.
Este procedimento irá gerar os dados necessários para avaliar a eficácia destes W-AUs específicos no que diz respeito a aprendizagem da concepção colaborativa.
Os dados empíricos serão compilados, analisados e relacionados aos modelos identificados em nossa pesquisa tipológica. Estes dados analíticos darão corpo à nossa Tese e suas discussões deverão servir no desenvolvimento de uma metodologia de ensino da concepção colaborativa em W-AU.