Morar nas areias, morar na cidade: o lugar da habitação no processo de urbanização de Fortaleza (1850-1945) NATAL
História Urbana; Produção do Espaço; Produção Habitacional; Paisagem Urbana; Fortaleza — CE.
Este trabalho busca contribuir com novas possibilidades de interpretação do processo de urbanização de Fortaleza, favorecendo uma perspectiva protagonizada pela habitação e suas particularidades no contexto local. Investiga-se, assim, as origens da questão habitacional no contexto da modernização capitalista do espaço urbano da capital cearense, realizando uma análise histórica acerca do lugar ocupado pelas formas de moradia que se materializaram ao longo do processo de urbanização de Fortaleza. Dessa maneira, analisa-se a historicidade da constituição territorial do espaço urbano de Fortaleza a partir do aporte teórico dos duplos movimentos identificados por Henri Lefebvre na produção do espaço: apropriação-dominação, urbanização- industrialização e explosão-implosão. O recorte temporal do estudo tem como marco inicial a aprovação da Lei de Terras, em 1850, estendendo-se até o fim do Estado Novo, em 1945. Esse intervalo de tempo permite uma análise histórica ampla, que inclui desde os primórdios da mercantilização da terra até as primeiras políticas públicas de produção habitacional no Brasil. Quanto ao recorte espacial, a pesquisa concentra-se no espaço intraurbano de Fortaleza, com um olhar direcionado aos territórios populares e aos arredores da área central da cidade. A metodologia inclui quatro etapas: pesquisa bibliográfica, pesquisa documental, produção cartográfica e pesquisa de campo. Elabora-se, portanto, uma visão histórica e cultural da cidade que inclui os territórios populares formados em meio às reentrâncias do processo de urbanização dominante, considerando, ainda, as formas históricas de habitação que resistem na paisagem urbana contemporânea de Fortaleza e se consolidam conforme o que Milton Santos conceitua como rugosidade.