Banca de QUALIFICAÇÃO: MAURICIO PEREIRA MARTINS

Uma banca de QUALIFICAÇÃO de DOUTORADO foi cadastrada pelo programa.
DISCENTE : MAURICIO PEREIRA MARTINS
DATA : 19/12/2023
HORA: 09:00
LOCAL: online
TÍTULO:

O fixo e seus fluxos potenciais: economias de movimento e padrões de dispersão urbana numa rede de localidades litorâneas entre João Pessoa--PB e Natal--RN


PALAVRAS-CHAVES:

ocupação esparsa, pequenas localidades litorâneas, rede urbana, economias de movimento, Sintaxe do Espaço


PÁGINAS: 224
RESUMO:

Esta pesquisa investiga o quanto a distribuição de localidades esparsas é efeito do potencial de movimento propiciado pela configuração viária abrangendo todo o conjunto dessas localidades.  A área observada compreende uma malha viária que bordeja  parte do litoral da Paraíba e Rio Grande do Norte, conectando pelo menos 160 localidades pulverizadas na superfície de 25 municípios  de João Pessoa-PB a Natal-RN entre o mar e uma rodovia federal  que perpassa  essas duas capitais. O objetivo é detectar padrões de dispersão urbana numa rede de múltiplas cidades e pequenas localidades por meio do esgarçamento da noção de cidades enquanto economias de movimento. A tese é de que o potencial fluxo (pessoas, objetos, informação)  gerado pelos fixos (edificações, infraestrutura, equipamentos) ajuda a entender o próprio processo de afixação e que o movimento é estruturante também do espaço periurbano, intersticial, menos edificado.  O princípio das cidades enquanto economias de movimento proposto por Bill Hillier (1996)  tem se mantido válido em um aporte representativo de estudos de centralidade intraurbana. Tal princípio é filiado à teoria da Lógica Social do Espaço (HILLIER & HANSON, 1984), cujo axioma é que,  sendo sociedade indissociável do espaço, padrões espaciais revelam padrões sociais e seu instrumento e Análise da Sintaxe do Espaço.   Cidades enquanto economias de movimento acompanhou  a discussão sobre o processo de geração de lugares na cidade (cidades fazem o lugar), amadurecida com a ideia de que a conformação urbana é duplamente estruturada por movimentos de longo e curto alcance. A questão de como tratar os padrões de alcance que ultrapassam o limite periurbano foi aprofundada por por Kimon Krenz (2018) ao propor a morfologia regional, um mix de Sintaxe do Espaço com a Teoria dos Lugares Centrais de Christaller (1933, 1966), esta baseada numa disposição estática de atratores. O presente trabalho se bifurca da morfologia regional dando mais ênfase no potencial  custo de deslocamentos, fortemente afetado por componentes de aleatoriedade, cujo o campo de   possibilidades é depreensível pela análise da configuração a despeito da atratividade estática dos centros. A expressão fixo e fluxos  é emprestada de Milton Santos, desta vez tendo o fixo denotando a configuração e o fluxo, seus efeitos. O oportunamente, Milton Santos revisou a Teoria dos Lugares Centrais descrevendo dois circuitos de influência estática entre cidades, dualidade que, ao longo o presente estudo,  demonstrou congruente com a estrutura dual generativa proposta por Hillier.  O método consiste na confrontação de mapas de acessibilidade topológica considerando ângulos nas mudanças de direção (HILLIER, 2012) com mapas de localidades e áreas densamente edificadas; as coincidências  e disparidades entre disposição, porte da ocupação e acessibilidade são investigadas na busca de padrões combinando adensamento/dispersão edilícia e movimento. Um raio de alcance longo e um mediano foram escolhidos para prospectar estruturas concentradoras de potencial de movimento. O resultado é que, na rede de localidades esparsas observada, algumas localidades  praianas relativamente afastadas das capitais, coincidentemente turísticas e de veraneio em remanescentes de antigos povoamentos coloniais em baías, enseadas e barras de rio, se aninham em uma estrutura de centralidade altamente acessível posicionando praias e capitais no mesmo nível hierárquico de propensão a passagem de rotas,  mesmo com parte destas perpassando extensos interstícios caracterizados por ocupação edilícia rarefeita — a conformação é a de um pente, cujo o dorso é a rodovia federal paralela ao mar e os dentes são os acessos perpendiculares até a costa. Simultaneamente, o miolo intraurbano de  pequenas localidades é alinhavado por uma outra estrutura de centralidade e movimento, atinente a rotas de alcance intermediário, que podem transbordar o tamanho da localidade mas sem abranger todo o sistema. A dupla estrutura esbarra em vestígios do legado de caminhos capilarizados a partir do mar e braços de rios, intervalados por extensos canaviais centenários, por onde atalhos  do pente capital-praiano de acessos recorrentemente se esquivam de grande parte  das pequenas localidades, dentre elas as ribeirinhas e indígenas. A conclusão é que a configuração revela que praias de destinação turística se localizam a custos de deslocamentos potencialmente menores na área observada, de certo modo costurando-se topologicamente às capitais, portanto revelando que a aparente atratividade praiana é respaldada. A conclusão é que, sendo a aparente atratividade praiana, periférica às capitais, respaldada por custos de deslocamentos potencialmente menores, uma espécie de economia do movimento é reveladora de sutilezas na disposição de pequenas localidades não tão apreensíveis, ou o são de modo mais trabalhoso, por vieses de atratividade genericamente baseados em cumulação de bens e serviços, ao menos no caso estudado. A noção de que a disposição de localidades esparsas em conjunto se guie pelo movimento abre perspectivas para o refinamento, ao nível de trechos de rua e circuitos de mobilidade, de estudos sobre a ocupação periurbana e redes urbanas em escala regional.


MEMBROS DA BANCA:
Presidente - 350255 - EDJA BEZERRA FARIA TRIGUEIRO
Interno - 1149450 - RUBENILSON BRASAO TEIXEIRA
Externo ao Programa - 1122924 - EMANUEL RAMOS CAVALCANTI - UFRNExterno à Instituição - FELIPE TAVARES DA SILVA - UFPB
Notícia cadastrada em: 02/11/2023 21:47
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