BALANÇO ENTRE APROVEITAMENTO DA LUZ NATURAL, MITIGAÇÃO DO OFUSCAMENTO E CONTATO VISUAL COM O EXTERIOR EM ESCRITÓRIOS COM GRANDES ABERTURAS EM BAIXA LATITUDE
Fachadas com grandes aberturas; luz natural; contato visual com o meio externo; ofuscamento; interação do usuário.
O uso de fachadas com grandes aberturas se difundiu mundialmente em edifícios de escritórios visando aliar estética, transparência e integração com a vista externa. As aberturas trazem benefícios com o uso da luz natural e o contato visual com o meio externo, mas podem gerar estímulos de ofuscamento devido à luz direta no plano de trabalho ou ao brilho de céu no campo de visão. Para mitigar o desconforto gerado pela abertura, os usuários reagem com o fechamento de cortinas internas, comprometendo sua função primordial. As cortinas tendem a permanecer sempre fechadas porque a maioria dos ocupantes não interagem ativamente ao longo do dia para potencializar os benefícios da abertura. O desempenho do ambiente é decorrente do balanço entre objetivos que tendem a ser conflitantes, sobretudo em regiões de baixa latitude com excesso de luz natural, e da relação entre o sistema de fachada, a posição e o perfil do usuário. O objetivo desta tese é determinar os balanços e limites de desempenho em fachadas de escritórios com grandes aberturas para identificar campos de soluções que promovam aproveitamento da luz natural, contato visual com o exterior e mitigação do ofuscamento em regiões de baixa latitude. São investigadas diferentes combinações entre características do sistema de fachada (orientação, percentual de abertura da fachada - PAF, fração de céu visível – FCV e transmissão de luz visível do vidro - Tvis), posições do usuário (distância em relação à abertura e campo de visão) e perfil do usuário (frequência de interação com a cortina e percepção ao ofuscamento) no contexto climático da cidade de Natal/RN. O método se baseia em simulações paramétricas no Climate Studio/Grasshopper e na sistematização de uma abordagem multicritério para relacionar as variáveis de entrada com os índices de desempenho Autonomia Espacial da Luz Natural (sDA), iluminância média anual, tempo de contato visual com o exterior e ocorrência de Probabilidade de Ofuscamento por Luz Natural (DGP). Os resultados demonstram o potencial da abordagem para a avaliação multicritério por meio da identificação das relações de causa e efeito associadas às aberturas e à interação dos usuários. A influência da fachada decorre principalmente da relação entre Tvis e FCV, mas o desempenho integrado depende da mitigação dos estímulos de ofuscamento a partir da relação de suas características com a posição e o perfil de usuário. Os casos com melhor balanço resultam de combinações de Tvis alto (acima de 75%) com FCV médio ou grande, ou de Tvis médio (53% a 63%) com FCV grande ou sem sombreamento, desde que a fachada seja orientada para Norte e o campo de visão do usuário seja lateral na zona próxima à abertura.