HABITAÇÕES RURAIS DO SERIDÓ POTIGUAR: O VERNACULAR COMO REFERÊNCIA PARA PROJETOS ARQUITETÔNICOS NO SEMIÁRIDO
arquitetura vernacular; arquitetura rural seridoense; desempenho térmico.
A microrregião do Seridó teve seu povoamento iniciado no século XVII com a pecuária como principal atividade econômica, levando ao assentamento das famílias no sertão potiguar. No século XVIII, atrelada à economia açucareira, a pecuária experimentou seu período de maior expansão, sendo a ela conferida certa exclusividade econômica na região do Seridó até meados do século XIX, quando o cultivo do algodão foi associado à referida atividade servindo para expansão e fortalecimento da fixação da população na região. Este processo de formação territorial, as necessidades socioculturais, o clima semiárido e as características físicas hostis da região demandam cuidados especiais e resultaram na produção de um importante patrimônio arquitetônico rural no Rio Grande do Norte, as fazendas de gado, exemplares de significativa relevância para a identidade da região Seridó e para a compreensão do modo de construir mais adequado ao local. Partindo da premissa que as casas grandes das fazendas de criar do Seridó potiguar do século XIX são adaptadas às condicionantes do lugar e consistem em espaços de proteção em relação ao contexto em que se inserem, a presente pesquisa tem por objetivo produzir um material de referência com critérios projetuais para novas edificações e reformas em edificações já existentes, tanto no Seridó, como no semiárido potiguar de modo geral; e contribuir para ações de valorização do patrimônio arquitetônico em questão. Para tanto, foram adotados procedimentos divididos em duas etapas. Primeiro foram identificadas as características recorrentes nas edificações estudadas por meio de um estudo tipológico realizado a partir dos inventários existentes (DINIZ, 2008; FEIJÓ, 2002; IPHAN, 2012), contribuindo para a definição de quais fazendas deveriam ser visitadas na etapa seguinte. A segunda etapa consistiu no levantamento arquitetônico, registro fotográfico, modelagem tridimensional digital e no monitoramento térmico ao longo de aproximadamente um dia representativo em cinco casas de fazenda. As variáveis escolhidas para análise do monitoramento se baseiam no modelo de conforto térmico adaptativo (SPAGNOLO e DE DEAR, 2003). A análise das temperaturas operativas das casas revelou que durante mais de 90% das horas do dia os ambientes encontram-se dentro da faixa de conforto, e naqueles ambientes (normalmente a cozinha e cômodos de pés-direitos baixos, expostos à radiação Oeste) que ainda apresentaram horas de desconforto, o conforto térmico é alcançado quando há movimentação de ar de aproximadamente 1,0 m/s.