ARAR O ENSINO DE LITERATURA A CONTRAPELO: TORTO ARADO E SEU POTENCIAL PARA O LETRAMENTO LITERÁRIO
Torto Arado. Ensino de literatura. Literatura contemporânea. Escritas de resistência.
Um livro com tiragem de cinco mil costuma ser considerado um sucesso de vendas no Brasil. Torto Arado já alcançou a marca de cem mil cópias vendidas, além de ter conquistado as principais premiações nacionais de romance. Um dos aspectos que se sobressai na justificativa desse êxito é o fato da literatura de Itamar Vieira Junior ser uma literatura das alteridades, dialogando diretamente com os postulados de Benjamin (1987) ao propor “escovar a história a contrapelo”, que convida não apenas a pensar em uma inversão da ordem, mas a uma nova fundação da tradição dos oprimidos. Com este estudo, objetiva-se então, analisar Torto Arado a partir de suas representações de resistência à barbárie e apresentar reflexões acerca de um projeto crítico de letramento literário. Para tanto, o arcabouço teórico que conduz esta dissertação parte dos postulados do Círculo de Bakhtin (1997; 2014; 2015; 2018; 2019) para conceituar e explicar algumas definições primordiais das partes que compõem o todo da análise, como os debates ao redor da arquitetônica, da alteridade e do cronotopo. O estudo também irá dialogar com a necessidade de construção de um novo espaço mnemônico a partir da conceituação de Seligmann-Silva (2008; 2020), do entendimento de Bosi (2002) acerca do que se entende por uma arte de resistência e das contribuições de Kramer (2008) sobre as implicações de pensar uma educação também a contrapelo.