A ideologia e o Real em The ones who walk away from Omelas.
The wind’s twelve corners. Dialogismo. Formação ideológica. Real. Utopia.
A presente dissertação objetiva analisar a representação da composição ideológica do narrador no conto The ones who walk away from Omelas, parte da coletânea The wind’s twelve corners, da autora estadunidense Ursula K. Le Guin, de modo a compreender em que medida o conto sob análise contém uma transição entre os conceitos de utopia e distopia e de que forma as teorias dialógica do Círculo de Bakhtin e do Real iekiano contribuem para a análise da narrativa leguiniana. Para tanto, são realizadas análises partindo dos conceitos de ideologia como vistos pelo dialogismo, ideologicamente neutra e valorada apenas quando ligadas aos discursos da vida social. Dispõe-se também de conceitos como autor-criador, bivocalidade e enunciado para uma melhor compreensão do processo do fazer literário enquanto materialização de ideologias do mundo social vivo. Dialoga-se com estes conceitos os estudos psicanalíticos do filósofo esloveno Slavoj iek o qual aproxima a ideologia do conceito lacaniano de Simbólico, uma camada de distorção na percepção do Real. Ainda que provindas de áreas distintas com premissas diferentes, através da metodologia “a visão em paralaxe” do próprio filósofo esloveno, pode-se obter uma perspectiva que engloba pontos de vista mutuamente excludentes de forma que se possa melhor compreender onde as duas teorias se aproximas e se afastam e, assim, compor uma visão analítica mais completa do objeto literário em questão. A análise expõe através dos mecanismos dialógicos a maneira pela qual os discursos do narrador são construídos para dialogar com discursos da vida social de um leitor presumido, enquanto a perspectiva psicanalítica iekiana demonstra de que maneira esta conexão ideológica lida com a percepção de utopia enquanto não pertencente ao Real e da distopia enquanto uma paixão pelo Real.