O Sertão (r)existe: a peleja entre o real e a invenção
Patativa do Assaré. Sertão. Estudos Culturais. Entre-lugar.
As poesias de Patativa do Assaré publicadas em seu primeiro livro, Inspiração Nordestina, inspiram o desenvolvimento desta pesquisa, tendo em vista que por meio delas o estudo propõe leituras acerca da complexidade da representação do Sertão no discurso do poeta. A análise é norteada pela observação de que tal espaço foi cantado por Patativa com profunda fidedignidade ao seu olhar sobre ele, sem necessariamente possibilitar a construção de retratos similares ao que é considerado como “real”, ou ao que foi cristalizado pelo discurso hegemônico. O estudo, ainda nesse sentido, interpreta as diversas tensões sobre o signo Sertão expostas na lira patativana, sugerindo-as como elementos constituintes de uma poética em estado de fronteira. Para tanto, a pesquisa apoiou-se, especialmente, nas delimitações de Silviano Santiago (2000) sobre o conceito de entre-lugar, nos estudos sobre a tradição desenvolvidos por Octávio Paz (1984) e Amadou Hampaté Bâ (1982), bem como nos olhares sobre campo e cidade / sertão e metrópoles de Raymond Williams (1989) e Durval Muniz (2011). Adentramos o discurso de Patativa partindo da compreensão da sua construção enquanto sujeito, embrenhando-nos no Sertão cantado por ele como também naquele que entra em diálogo com o dito pelo outro e, por fim, equilibramo-nos no meio da peleja desse Sertão que existe e resiste.