PRODUÇÃO TEXTUAL NO LIVRO DIDÁTICO DE LÍNGUA PORTUGUESA: CONTRIBUIÇÕES PARA TORNAR-SE AUTOR?`
Livro didático - produção de texto - autoria
A ideia já foi inventada. A história já foi contada. As palavras já foram ditas. Na contemporaneidade, tudo, aparentemente, sobre tudo já foi dito, pois nenhum discurso é adâmico. Na era do copiar e colar e em que se tem mais, asseveradamente, embates acerca da ética do não plagiar, discutir o que é produzir enunciados autorais faz-se primordial. Essas inquietações, nesta pesquisa, são levadas para o cronotopo da sala de aula, onde a prática de ensino de língua materna, muitas vezes, não é encarada em seu processo histórico e interativo. Assim, como aponta Antunes (2003), ainda constatam-se várias pedras no meio do caminho da disciplina de português, como: o recorrente processo de aquisição da escrita, que ignora a interferência decisiva do sujeito aprendiz; e uma prática de uma escrita sem função, destituída de qualquer valor interacional, sem autoria e sem recepção, não conseguindo alcançar a intenção pretendida que é inter-relacionar a linguagem e o mundo, entre o autor e o leitor do texto. Pensando nisso, objetivamos analisar em que medida os documentos orientadores para o ensino (PCN, PCN+, OCN e PNLD) influenciam as propostas de escrita dos livros didáticos de Língua Portuguesa, destinados ao Ensino Médio, para uma escrita autoral dos alunos. Para tanto, baseamo-nos numa perspectiva teórica qualitativa-interpretativista, de cunho documental, e nos situamos na área da Linguística Aplicada. O corpus é constituído de 4 livros: 3 volumes destinados ao primeiro ano do ensino médio, e 1 volume único, sendo que dois pertencentes à década de 90 e os outros dois atualmente adotados, segundo o último edital do PNLD. A perspectiva teórica advém dos postulados do Círculo de Bakhtin no que concerne às concepções de linguagem dialógica, de enunciado concreto e autoria.