A (re) construção da cultura do homem sertanejo e sevilhano nos poemas de João Cabral de Melo Neto: o lusco-fusco Barroco
João Cabral de Melo Neto; Barroco; Cultura; Sertanejo; Sevilhano.
O presente trabalho vislumbra, a partir do viés Barroco, desdobrar a compreensão dos poemas de João Cabral de Melo Neto no eixo Pernambuco – Espanha, pois é possível, por meio de voltas, espirais e círculos de caráter barroco, favorecer encontros, distanciamentos ou iguais pontos de partida e chegada entre Recife e Sevilha. Nessa perspectiva, a leitura da Obra Completa do poeta permite a aparição de dois sujeitos que, curiosamente, pulsam e revelam-se desde seus locais de origem, sertão e Sevilha, a um encontro labiríntico estabelecendo uma estreita e instigante relação de cidades alijadas, mas que assinalam um diálogo contíguo entre suas culturas: a sevilhana e a sertaneja. Não percorrendo um viés antropológico, este estudo observa o espaço espanhol e o espaço pernambucano analogamente na medida em que congregam o regional ao universal e analisa o jogo Barroco na (re) construção da cultura do homem sertanejo e sevilhano. Essa mescla de elementos que se fundem, se aproximam e se distanciam provoca alusões a Pernambuco e à Espanha que se mostra, pelo viés cultural, parecidos e ao mesmo tempo diferente. Dessa apreensão, algumas questões induziram a construção desta pesquisa: o diálogo com o Barroco Seiscentista é possível? Que sinais barrocos sobressaem nos poemas de João Cabral? Quais mananciais irrigaram seu fazer poético? Por que o cenário do barroco ibérico e do barroco americano fora sui generis e como isso veio ter na poesia de João Cabral? É possível a síntese barroca do sertanejo-sevilhano? O esforço teórico desta investigação, portanto, perpassa, aproxima ou contrapõe as orientações, entre outras, de Severo Sarduy (1999), Gilles Deleuze (2012) e Eugenio D’Ors (s.d).