Obtenção de nanohíbridos a partir da montmorilonita para aplicação na liberação modificada de fármacos.
tuberculose; rifampicina; isoniazida; montmorilonita; nanohíbrido; sistema pH-responsivo
Sistemas baseados em nanohíbridos argila-fármaco têm sido amplamente relatados na literatura, apresentando características interessantes que incrementaram a biodisponibilidade de diversas biomoléculas, como o aumento da solubilidade de fármacos hidrofóbicos, proteção contra degradação ao longo do trato gastrointestinal, liberação controlada e pH-responsiva. O trabalho tem como objetivo principal a obtenção de nanohíbridos argila/fármaco e argila/polissacarídeo/fármaco para aplicação na liberação modificada de fármacos, visando melhorar a eficácia terapêutica de medicamentos que apresentam efeitos colaterais severos associados à sua administração. A montmorilonita, por apresentar boa capacidade de adsorção, valor considerável de área superficial específica e excelente capacidade de troca catiônica (CTC); foi aplicada na sua forma natural, sem nenhuma modificação, e associada a um polissacarídeo. Os polissacarídeos utilizados foram a carboximetilcelulose (CMC) e o polissacarídeo extraído a partir de sementes de chia (Salvia hispânica L.). O sistema de carreamento obtido foi associado a dois fármacos tuberculostáticos, isoniazida (INH) e rifampicina (RIF). A primeira etapa do trabalho consiste na obtenção do nanohíbrido montmorilonita-rifampicina e sua aplicação na liberação pH-responsiva do fármaco tuberculostático. Um planejamento fatorial 24 foi empregado para avaliar a influência de variáveis operacionais no processo de incorporação de fármacos. O experimento em condições otimizadas permitiu uma dose de fármaco incorporada equivalente a 98,60 ± 1,21 mg/g. Os sistemas híbridos foram caracterizados por diferentes técnicas de caracterização (FTIR, XRD, TGA, DSC) para elucidar o mecanismo de interação entre os compostos utilizados. Por meio de estudos de liberação in vitro, foi possível verificar a eficácia do sistema pH-dependente obtido, com aproximadamente 70% do fármaco sendo liberado após 16 horas em fluido intestinal simulado. O ajuste dos dados experimentais de liberação ao modelo teórico de Higuchi indicou que a liberação de rifampicina ocorre de forma prolongada a partir da montmorilonita. A elucidação das interações entre o fármaco e esse argilomineral reforça sua viabilidade como um novo carreador para desenvolver um sistema híbrido anti-TB/argila com boa estabilidade física e química.