A VARIAÇÃO LINGUÍSTICA EM SALA DE AULA: MOTE PARA UMA SUPERAÇÃO DO PRECONCEITO LINGUÍSTICO
Sociolinguística. Variação linguística. Preconceito linguístico.
Um dos principais objetivos do ensino de língua materna é ampliar as competências linguísticas e comunicativas dos discentes capacitando-os para o uso da língua em diferentes contextos. Partindo de um viés etnográfico, essa pesquisa toma como aporte contribuições da sociolinguística e tem por objeto de estudo a compreensão e a superação do preconceito linguístico em sala de aula. Tem por objetivo geral propiciar uma compreensão da existência de variedades linguísticas do português em relação à modalidade dessa língua considerada padrão. A partir desse pressuposto propusemos uma intervenção numa sala de aula de 9º ano do Ensino Fundamental de uma escola pública estadual, localizada em Fortaleza-CE, cujo intuito foi esclarecer aos alunos que a língua portuguesa não se resume a uma só modalidade e, menos ainda, às regras da gramática prescritiva. O preconceito linguístico, a variação linguística e a noção de “erro” presentes em Bagno (1999, 2007 e 2013) e em Bortoni-Ricardo (2005) se constituem contribuições teóricas dos estudos sociolinguísticos que ancoram nossa pesquisa. Buscamos responder à seguinte questão: como superar o preconceito linguístico em sala de aula? Entendemos que tal superação contribui para uma melhor convivência com esse fenômeno linguístico nas relações em sociedade. Para tanto propusemos atividades que abordam o conceito de língua, a história da língua portuguesa, bem como a existência de variedades linguísticas. A metodologia seguiu os pressupostos da pesquisa-ação de Vasconcelos (2006), de cunho qualitativo utilizando-se da estratégia pedagógica da sequência didática, nos termos propostos por Dolz, Noverraz & Schneuwly (2004). Como resultado da pesquisa pudemos observar que os alunos nela envolvidos, ao final das etapas propostas pela sequência didática, passaram a melhor compreender os diferentes tipos e causas de variações linguísticas se constituindo tal entendimento como um fator necessário não apenas à compreensão, como também à superação do preconceito linguístico percebendo que diferentes contextos de uso permitem e até estimulam a materialização de diferentes variantes linguísticas.