Sobre homens e elefantes: representações da realidade em contos de Dalton Trevisan
Dalton Trevisan – Cemitério de elefantes – Representação da realidade
Temos a pretensão, com o presente trabalho, de estudar a obra de Dalton Trevisan, no entanto, devido a sua complexidade e extensão, um recorte nos soa necessário. Desse modo, Cemitério de elefantes, obra de 1964, é o livro que irá nos servir a esse propósito. Essa é a segunda publicação de Trevisan. Composta por contos, como a maior parte de sua produção, surge num momento ainda inicial da publicação em livros desse autor, ou seja, um momento intenso, dotado fortemente do espírito vibrante que possuem as novidades. E é exatamente isso que justifica a nossa escolha: seu caráter potente e prenhe de possibilidade que, posteriormente na obra do autor, irão se firmar como marcas de sua literatura. Já vemos aí o embrião do experimentalismo linguístico e narrativo que irá permear boa parte dos textos do “vampiro”, os lugares que serão revisitados em outras obras posteriormente, os traumas e as crises que nunca abandonarão a literatura desse renomado contista. Intentamos, desse modo, estudar, com a máxima minúcia possível, os procedimentos de construção desse universo literário tão rico; e, para além disso, buscamos também estabelecer a devida ligação entre esse movimentos estéticos da narrativa com as representações da realidade que esses textos engendram. Sendo assim, através do minucioso estudo imanente do texto, procuramos também entender o mundo que esse texto evoca: as representações da realidade que estão constituídas dentro desse universo ficcional.