Banca de QUALIFICAÇÃO: LUCAS JOSE DE MELLO LOPES

Uma banca de QUALIFICAÇÃO de MESTRADO foi cadastrada pelo programa.
DISCENTE : LUCAS JOSE DE MELLO LOPES
DATA : 05/12/2022
HORA: 14:00
LOCAL: Google Meet
TÍTULO:

VIDAS SECAS E TORTO ARADO: REPRESENTAÇÕES DO ESPAÇO RURAL NA LITERATURA BRASILEIRA


PALAVRAS-CHAVES:

Literatura Brasileira; Vidas Secas; Torto Arado; romance; cronotopo.


PÁGINAS: 44
RESUMO:

Esta dissertação se debruça sobre os romances Vidas Secas [1938], de Graciliano Ramos, e Torto Arado [2018], de Itamar Vieira Junior. Há uma evidente contiguidade entre eles: ambientam-se no espaço rural do Nordeste brasileiro, com personagens aferradas a uma situação climática desfavorável e a relações de poder definidas pelo latifúndio. Entretanto, interessa-nos aquilo que os diferencia: o modo como esse espaço se reduz estruturalmente e se irradia para a composição de cada obra. Perguntamo-nos, assim, de que forma os dois romances, com base no contexto de produção, edificam esteticamente o espaço rural brasileiro e os sujeitos nele inscritos, e se, por trás dessa distinção na elaboração do espaço, há mudanças na configuração do próprio gênero romanesco. A pesquisa objetiva comparar a construção do espaço rural nos dois romances, observando suas implicações para outros elementos da narrativa. Especificamente, almeja: a) recuperar o processo social-literário que enformou cada uma das obras; b) analisar a imagem de ser humano que surge da vinculação entre personagens, espaço, tempo e relações de poder; e c) verificar o desenvolvimento do próprio gênero romance em cada um dos textos. Para tal, alinhamo-nos à crítica integrativa de Antonio Candido e buscamos amparo teórico na teoria bakhtiniana do romance — especialmente no conceito de cronotopo — e na teoria dos modos de Northrop Frye. A análise revela que a elaboração do espaço nos dois romances dialoga com a realidade do país no momento de escrita de cada autor: Graciliano Ramos, diante de um Brasil ditatorial, ainda negligente em relação à distribuição de terras, concebe um cronotopo circular que retoma formas pré-romanescas. Nesse cronotopo, fundamentado num princípio-realidade, o tempo cíclico e o espaço marcado por relações de poder opressoras aprisionam as personagens numa miséria aparentemente inescapável. Já Itamar Vieira Junior — diante de uma Constituição que reconhece a função social da propriedade, um Brasil repleto de movimentos sociais de pessoas do campo voltados à questão da terra, mas ainda marcado pela força do agronegócio e dos grandes proprietários — rasura o cronotopo circular concebido por Ramos, criando um outro fundado num princípio-cisão, em que as personagens campesinas, ainda que dentro de estruturas de poder opressivas, adotam uma postura combativa, de quem consegue não apenas vislumbrar um outro mundo, mas também se organizar em prol de alcançá-lo.


MEMBROS DA BANCA:
Presidente - 3351552 - ROSANNE BEZERRA DE ARAUJO
Interno - 1496892 - MARCIO VENICIO BARBOSA
Externo ao Programa - 1513790 - ANDREY PEREIRA DE OLIVEIRA - UFRN
Notícia cadastrada em: 28/11/2022 12:24
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