Passagens Benjaminianas: Ressemantizações e Novas Leituras de Passagens de Walter Benjamin no Contexto Brasileiro
Palavras-chave: Passagens; Benjamin; Transferência Cultural; Tradução; Editoração
A pesquisa Passagens Benjaminianas: Ressemantizações e Novas Leituras de Walter Benjamin no contexto brasileiro tem como primeiro objeto de estudo a tradução brasileira da obra Das Passagen-Werk de Walter Benjamin (1892-1940), intitulada Passagens, organizada pelo germanista Willi Bolle e publicada em 2006. O foco do interesse é a análise da relação texto-contexto no aparato tradutório/editorial da tradução e como essas escolhas vão ressemantizar a obra no novo contexto cultural abrindo espaço para novas leituras dessa obra inacabada de Benjamin. A base da tradução brasileira é a edição histórico-crítica do conjunto de textos e dos fragmentos benjaminianos, realizada por Rolf Tiedemann em 1982. A descoberta de novos manuscritos por Giorgio Agamben em 1981, levantam questões sobre a edição de Tiedemann já desde os meados dos anos 1980. Para tanto, levamos em consideração além dos conceitos de Benjamin, como traduzibilidade e sobrevida da obra (BENJAMIN, 2018), o discurso crítico sobre a edição histórico-crítica alemã para analisar essa tradução brasileira à partir do víeis do conceito de transferências culturais (ESPAGNE 2012; 2017). Interessam especificamente os processos de ressemantização e metamorfose do (para-)texto das Passagens e das suas contextualizações via tradução no sentido mais amplo possível. Na questão da tradução as escolhas da equipe de tradutores no ato da tradução (VENUTI 2008; 2019) e a relação entre tradução, edição e reescrita (LEFEVERE, 1992). De grande relevância teórico-metodológica é também o trabalho de Rüdiger Nutt-Kofoth (2016) sobre modelos de edições histórico-críticas como base para reflexões sobre novas abordagens ao processo de editoração e publicação de obras póstumas no contexto da tradução. Apesar do vínculo evidente entre o Passagen-Werk, obra de saída, e Passagens, obra de chegada, a tradução se distancia dessa ao omitir a uma parte significativa do aparelho editorial e acréscimo de novos paratextos, criando Passagens como um novo original que permite uma leitura diferente desses fragmentos com maior engajamento dos leitores e possivelmente um novo caminho para o uso de Benjamin também em sala de aula com estratégias alternativas de leitura. Por isso, o segundo objetivo dessa pesquisa é uma proposta de organização flexível, aberta dos fragmentos benjaminianos traduzidos, na base do método aplicado do Zettelkasten [Caixa de anotações], de Niklas Luhmann (1981), que combina não somente com o tipo de anotações do próprio Benjamin e com a organização exemplar de uma leitura aberta das Passagens no contexto brasileiro de sala de aula, mas também com as ideias básicas do conceito de transferências culturais.