AS MULTIFACETAS DO MEDO CÓSMICO COMO ELEMENTO ESTÉTICO NA FICÇÃO WEIRD DE H.P. LOVECRAFT
Medo cósmico. Ficção weird. Literatura fantástica. Contos. H.P. Lovecraft
O presente estudo analisa as multifacetas do medo cósmico, como elemento estilístico, nos contos What the Moon Brings (1922), The Colour Out of Space (1927), The Shadow Over Innsmouth (1931) e At the Mountain of Madness (1931) do autor norte-americano Howard Phillips Lovecraft (1890–1937). Exploramos o discurso presente nos contos da ficção weird, que leva ao medo cósmico concebido pelo leitor, por intermédio das categorias: fenômenos, oximoros, verossimilhança, narrador, figuras de linguagem, imaginário e simbolismo, que contribuem para a construção de uma atmosfera de medo e horror no enredo dos contos propostos. Defendemos que a identificação dessas categorias nos fornece os procedimentos adotados na escrita do autor para estabelecer o medo cósmico, na configuração da narrativa weird. Tendo em vista esta literatura, tentamos sua aproximação com o Fantástico, este como a desestabilização do real, nas perspectivas de Roas (2014) e com princípios teóricos de Todorov (2010). O trabalho investiga temas importantes na configuração e ambientação dos contos, assim como explora e observa as categorias do medo cósmico, como parte do universo da ficção weird, configurando-se subgênero próprio da literatura fantástica. Examinamos a temática do medo cósmico nas obras, considerando as teorias do conto weird, por Joshi (2003); da estética da recepção e do leitor, por Jauss (1979) e Iser (1979); do imaginário e do simbolismo, por Durand (1997) e Frye (2006). Assim, com enfoque no leitor, exploramos as categorias de medo cósmico por intermédio do discurso do narrador e do seu comportamento, dos personagens, do enredo e da linguagem, da forma e do corpo do texto, que integram o sentimento de horror, na oposição entre o imaginário e a realidade, frente a uma atmosfera que remete ao medo cósmico presente nas narrativas. Chegamos à conclusão, que o medo cósmico é parte indispensável das narrativas weird. A sua percepção por parte do leitor faz-se presente no conto mediante a estética textual, aos elementos, que se mostram sob a forma de categorias, a capacidade de proporcionar a desestabilização da realidade conhecida pelo leitor, a fim de que eles coloquem em dúvida os fenômenos apresentados e que os personagens sejam recursos de identificação por parte do leitor.