Relações dialógicas - Mashup - Dom Casmurro - Carnavalização - Hibridização.
A indústria de um gênero emergente conhecido como “mashup” vem aumentando do final da década de 80 até os dias atuais. Iniciando-se na esfera da informática, o gênero foi expandido também para outras esferas, inclusive a literária, através a reescrita de clássicos da literatura mundial, como “Orgulho e preconceito”, de Jane Austen, que foi reescrito com o título “Orgulho e preconceito e os zumbis” no qual o autor Seth Grahame Smith escreve a obra em uma suposta parceira com a escritora inglesa, falecida no ano de 1817. Com o crescimento dessa indústria, inclusive com a reescrita de clássicos da literatura brasileira, esse trabalho pretende analisar, sob a ótica da análise do discurso bakhtiniana, as relações dialógicas que se apresentam entre a Obra Literária Socialmente Valorizada (OLSV) e a Narrativa do mashup (NM), explicitando como é feita a construção do enunciado reescrito em diálogo constante com o original. Para tal, foram escolhidas as obras “Dom Casmurro”, clássico da literatura brasileira, da autoria de Machado de Assis, e “Dom Casmurro e os discos voadores”, obra revisitada pelo autor Lúcio Manfredi, que, assim como Seth Grahame, também inclui o nome de Machado de Assis na capa da sua obra. Durante a análise do corpus, a carnavalização e a hibridização bakhtinianas mostraram-se presentes na comparação das obras, atestando que a narrativa mashup traz de maneira bastante intensa o elemente trash para a obra, além de promover alterações no enredo e em alguns personagens para adaptar à narrativa a essa nova ambientação. Tratando-se de uma pesquisa inserida na Linguística Aplicada (LA), ela tem um caráter qualitativo-interpretativista, de base sócio-histórica.