Nostalgia do Espaço e do Tempo: uma leitura da obra memorialística de Câmara Cascudo
Palavras-chave: Câmara Cascudo, memória, velhice, modernidade.
Esta dissertação aborda a obra memorialística do escritor potiguar Luís da Câmara Cascudo (1898 - 1986) a partir de uma leitura integrada das quatro obras que a compõe: O Tempo e Eu (1968), Pequeno Manual do Doente Aprendiz (1969), Na Ronda do Tempo (1971) e Ontem (1972). Produzidas sob a contingência do moderno, do movimento e da reforma urbana, as memórias de Câmara Cascudo evocam as velhas paisagens de outrora, povoadas por aqueles que pertenceram à velha Natal romântica e provinciana que já não existe, mas que ainda sobrevive idealizada na memória do autor e que é (re)construída por ele a partir de uma escrita permeada de toques de imaginação e por um sentimento de nostalgia. Buscando analisar como se dá o processo de construção memorialista de Cascudo, bem como refletir sobre o papel que a memória exerce na (re)construção de um tempo e de um espaço perdidos, recorremos aos estudos de Maurice Halbwachs (2006) e Ecléa Bosi (1994). Dentro desse quadro teórico, buscamos, sobretudo, compreender não apenas o modo como as experiências vividas por Cascudo no presente irão trabalhar a matéria de sua memória, mas também como esta irá nortear uma escrita que toca na história e nos quadros sociais do passado.