Banca de QUALIFICAÇÃO: ANNA VALESKA PROCOPIO DE MOURA MENDONÇA

Uma banca de QUALIFICAÇÃO de MESTRADO foi cadastrada pelo programa.
DISCENTE: ANNA VALESKA PROCOPIO DE MOURA MENDONÇA
DATA: 06/08/2012
HORA: 09:00
LOCAL: Auditorio de Psicologia
TÍTULO:

CUIDADOS PALIATIVOS E SER-PARA-A-MORTE: REFLEXÕES SOBRE UM ATENDIMENTO PSICOLÓGICO.


PALAVRAS-CHAVES:

ser-para-a-morte; Heidegger; cuidados paliativos; clínica fenomenológica.


PÁGINAS: 67
GRANDE ÁREA: Ciências Humanas
ÁREA: Psicologia
RESUMO:

A morte é um tema que fascina, mas que ao mesmo tempo assusta e inquieta o ser humano, embora a finitude esteja sempre presente no nosso dia-a-dia. Entretanto, o homem deseja a imortalidade, ao considerá-la como a maior inimiga, a qual deve ser exilada das condições humanas (Ariès, 1977; Giacoia, 2005;  Kovács, 1992; Rodrigues, 2006; Santos, 2009). Em cada tempo histórico, a morte foi representada de modo peculiar, desde a morte familiar, na Idade Média, à morte interditada, na contemporaneidade. Nesse percurso, são reconhecidas as diversas atitudes e estágios diante da morte e o processo de morrer como possibilidades de enfrentamento e compreensão destas ocorrências (Cassorla, 2009; Hennezel & Leloup, 2009; Kubler-Ross, 1998). Por outro lado, a proposta de cuidados paliativos surgiu como uma atenção humanizada diante da finitude humana, reconhecendo a morte como parte do ciclo vital (Pessini, 2009; Silva, 2006; Santos, 2011). A realidade brasileira, nesse contexto, ainda vivencia muitos entraves políticos, econômicos e sociais que dificultam a consolidação dos cuidados paliativos perante o processo de morrer na política da Saúde Brasileira. Atualmente, segundo a Associação Brasileira de Cuidados Paliativos, o Brasil apresenta 40 serviços com essa proposta. Tais dados retratam a nossa condição inexpressiva, em relação a esses cuidados, se levarmos em consideração a extensão territorial e a população do nosso país. Como destaca Menezes (2004), os cuidados paliativos mostram-se como signo de um processo de mudança cultural muito mais amplo e apresentando contornos ainda mal definidos. Sabe-se que os avanços tecnológicos da medicina contribuem significativamente para possíveis curas de determinadas doenças, mas não se pode negar a realidade apresentada pela Organização Mundial de Saúde mostrando que mais de 50 milhões de pessoas morrem por ano. Em 2004, 4.9 milhões de pessoas foram infectadas com o vírus HIV; 3.1 milhões de pessoas morreram de AIDS e 39.4 milhões de pessoas são portadores do vírus HIV/AIDS. A cada ano o câncer causa 6 milhões de mortes e tem-se mais de 10 milhões de novos casos. Estima-se que para 2020 teremos 15 milhões de novos casos/ano. Diante desse cenário é pertinente refletir acerca da morte e o processo de morrer na contemporaneidade, num contexto de saúde em que os cuidados paliativos, ao tentarem humanizar o processo de morrer, trazem à tona a questão da finitude humana e o ser-para-morte, tal como pensado pelo filósofo Martin Heidegger. Segundo este, o ser humano, Dasein, se constitui como um ser-para-morte, uma vez que a morte é o seu poder-ser mais próprio e a sua última possibilidade a ser vivida (Heidegger 1927/2005). O fenômeno da morte é compreendido por Heidegger não como algo trágico, mas como condição inerente à existência humana. Em face das idéias apresentadas, o estudo proposto configura-se como uma pesquisa qualitativa de inspiração fenomenológico-existencial e tem como objetivo compreender a vivência de ser-para-a-morte a partir do atendimento psicológico a uma pessoa fora de possibilidades de cura vivenciando os cuidados paliativos. Apresenta como objetivos específicos: possibilitar reflexões acerca da temática da morte e o processo de morrer para os diversos campos do conhecimento, mais precisamente para o campo Psi; contribuir para discussões sobre a proposta de cuidados paliativos visando à temática da morte através dos aspectos emocionais; e proporcionar reflexões sobre a morte e o processo de morrer à luz da fenomenologia hermenêutica, de Heidegger. O atendimento psicológico está sendo desenvolvido em domicílio a um paciente que se encontra nessas condições, compreendendo o processo clínico de ser-com-o-outro a partir dos relatos escritos da psicóloga/pesquisadora, por meio das sessões de acompanhamento, configurando-se como relato de experiência. Estes focalizam a experiência vivida pelo paciente, tal como apreendida pela psicóloga na relação de intersubjetividades e a sua própria experiência como Dasein e, portanto, ser-para-a-morte. Os relatos são interpretados hermeneuticamente, a partir dos sentidos que emergem nesse processo, considerando a noção de ser-para-a-morte proposta por Heidegger. Além disso, é importante dialogar com os outros autores que abordam a temática estudada. Pode-se perceber, através de breves e significativas reflexões acerca dos atendimentos clínicos iniciados, que a vivência da doença sem possibilidades de cura proporciona ao Dasein rever sentimentos e vivências marcados na temporalidade e historicidade da existência. É um estágio da vida em que a dimensão cultural e do senso comum da finitude, muitas vezes, ganha espaço na condição humana, tomada no seu sentido vulgar, diferentemente  da forma como tem sido pensada numa perspectiva ontológica e existencial da morte. Portanto, há percursos singulares e reveladores no cenário da assistência em cuidados paliativos como caminhos possíveis para a autenticidade de ser-para-a-morte.


MEMBROS DA BANCA:
Externo à Instituição - MARIO SERGIO VASCONCELOS - UNESP
Externo à Instituição - NADIA MARIA RIBEIRO SALOMÃO - UFPB
Notícia cadastrada em: 02/08/2012 14:23
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