Banca de QUALIFICAÇÃO: ALESSANDRA SILVA DE OLIVEIRA MARTINS

Uma banca de QUALIFICAÇÃO de DOUTORADO foi cadastrada pelo programa.
DISCENTE : ALESSANDRA SILVA DE OLIVEIRA MARTINS
DATA : 08/11/2022
HORA: 14:00
LOCAL: Sessão REMOTA
TÍTULO:

Entre a servidão e liberdade: narrativas autobiográficas de trabalhadores resgatados do trabalho análogo à de escravo na cadeia produtiva da Carnaúba/RN

PALAVRAS-CHAVES:

Trabalho análogo à escravidão. Cadeia produtiva da carnaúba. Análise do discurso.

PÁGINAS: 445
RESUMO:

O presente trabalho busca compreender o binômio liberdade-servidão através das narrativas autobiográficas do(s) trabalhador(es) resgatados do trabalho análogo à escravidão da  cadeia produtiva da carnaúba no Rio Grande do Norte, desdobrando-se em três estudos: o primeiro analisa os motivos de permanência, de caracterização e de impedimentos desse trabalho; o segundo investiga elementos subjetivadores da condição de servidão, mecanismos de resistência e emancipação; e o terceiro analisa as narrativas autobiográficas dos resgatados desse trabalho. Para tanto, esta pesquisa possui filiação epistêmico-metódica-teórica convergente à tradição materialista histórico-dialética revisitada pela tradição francesa de análise do discurso, que considera a história, a ideologia e a linguagem com estratégias metodológicas que perpassam o uso de técnicas qualitativas de coleta, tratamento e análise de dados categoriais, conjunturais e dialógico-discursivas (estudo 1), de corpus documental e/ou estatístico de segunda ordem e análise discursiva do corpus narrativo-autobiográfico (estudo 3) dos trabalhadores resgatados pela operação nº 62/2018/RN, realizada pelo GEFM (Grupo Especial de Fiscalização Móvel). Os resultados apontaram para tensões existentes entre os discursos e suas materialidades textuais patronal (caracterizado pela prescrição, injunção e naturalização do crime de trabalho análogo ao de escravo, pouca responsabilização ético-moral e persistência do ciclo de escravização) e o discurso fiscalizatório (marcado pela narração argumentativa-expositiva-descritiva), expondo o real do trabalho e suas contradições expressas nos impedimentos dessa pesquisa, verificando-se o compromisso ético-dialógico nos enunciados proferidos, nos atos concretos e no seu horizonte histórico-cultural-social de desnaturalização e defesa do trabalho decente, livre e sustentável (estudo 1). No entanto, a persistência do ciclo de escravização nessa cadeia produtiva é corroborada pela condição de  assujeitamento (alienação-servidão), do desejo alienado, da captura fantasiosa ideológica de uma ética neoliberal utilitarista (estudo 2) e de narrativas (auto)biográficas perpassadas por histórias e memórias envoltas pelo trabalho precarizado geracional e por necessidades materiais; por um trabalho marcado por afetos tristes e de sentido dual; trabalho morto reforçado por discursos individualizantes de pseudoliberdade, de “parceria”, de ausência por completo de contraditório, de sujeito objetificado, descartável, coisificado, massificado, de ausência de alteridade, de agendas civilizatórias apagadas, esvaziadas. Assim, há que se investir na práxis-poésis, na autoria do sujeito, no devir-potência, nas micropolíticas e na transformação social.

MEMBROS DA BANCA:
Interno - 1033183 - FELLIPE COELHO LIMA
Presidente - 1134517 - JORGE TARCISIO DA ROCHA FALCAO
Externo à Instituição - MARCO AURELIO DE MEDEIROS JORDÃO