O Poder de Agir na Atividade Análoga à Escravidão em seu pós resgate: Um Estudo sobre o trabalho na produção de Carnaúba/RN
Trabalho análogo à escravidão; precarização da atividade de trabalho; poder de agir.
Parte-se de uma relação de ambivalência e contradição em que de um lado, tem-se a construção histórica, econômica e material da condição humana em situação de Escravidão, e do outro lado, as propostas modernas e contemporâneas sobre a Liberdade* incorporadas nos preceitos internacionais e nacionais materializadas e idealizadas em movimentos constitucionais e democráticos, os quais, buscam através da consolidação de direitos sociais e trabalhistas sua efetivação por meio de políticas públicas, a exemplo, da Agenda internacional do Trabalho Decente*, horizonte buscado em intervenções de diversos atores sociais. Se questiona, ainda, sobre quais os motivos pelos quais o ser humano, no nosso caso em análise, o trabalhador se deixa explorar? Se deixa escravizar? Porque e como seu Poder de agir se (des) potencializa numa Atividade escravizada?, uma vez que, esvaziada de seu sentido a atividade do sujeito se vê amputada de seu poder de agir* (Clot, 2010), ou mesmo aquilo que escapa em seu devir do trabalho vivo, nos seus fluxos de objetivação, subjetivação e dessubjetivação (Amador, 2014), sendo o fluxo de subjetivação àquele capaz de proporcionar uma atividade criadora e potencializadora do sujeito e de seu coletivo de trabalho. Há ainda, o questionamento de que se deve considerar o trabalho escravo um trabalho?, pois, na tradição das Clínicas da Atividade investigar a Atividade é sempre uma investigação de um trabalho que seja lícito, aceitável socialmente e que seu conteúdo minimamente provoque desenvolvimento. Além disso, investigar o Agir pressupõe também neste campo de estudo considerar o ofício de trabalho, coletivos*, o gênero profissional*, o mêtier* e sua estilização. Embora os argumentos citados sejam pertinentes, enquanto, prática social criminosa, o trabalho análogo à escravidão, neste caso, a produção de carnaúba, se insere como uma atividade economicamente produtiva e por sinal, muitíssimo lucrativa, no entanto, praticado na ilegalidade e, portanto, argumenta-se neste trabalho a existência de todos os elementos passíveis de serem considerados numa Atividade de trabalho, qual seja, coletivo, gênero, o agir e estilização, óbvio que, numa condição de máxima precariedade, máximo desrespeito à dignidade e extrema (des) potência do Agir desses trabalhadores. Finalmente, cabe resssltar o interesse na literatura científica pelas NARRATIVAS/VIVÊNCIAS dos trabalhadores, sobretudo, no seu pós-resgate pela dificuldade de acessá-los durante o seu trabalho.