A formação em saúde coletiva nos cursos de graduação em fonoaudiologia de Instituições de Educação Superior públicas do Nordeste
Educação Superior. Fonoaudiologia. Avaliação Educacional. Sistema Único de Saúde. Recursos Humanos em Saúde.
Introdução: A saúde coletiva constitui-se como um campo de saber voltado para a compreensão da saúde e a explicação de seus determinantes sociais, e o âmbito de práticas direcionadas prioritariamente para a sua promoção. Pela sua caracterização, a saúde coletiva é um campo que possui potencialidades para contribuir na reorientação das práticas de saúde das diferentes profissões da área da saúde, como a fonoaudiologia. No Brasil, o fonoaudiólogo iniciou sua prática voltada para a saúde escolar, entre as décadas de 20 e 40, com práticas embasadas na pedagogização da saúde e medicalização da educação. Entre 50 e 70, direcionou seu trabalho para os consultórios particulares e clínicas de reabilitação. Nos anos 90, com o recém criado Sistema Único de Saúde (SUS), foram identificadas lacunas na atuação do fonoaudiólogo, iniciando-se os estudos para repensar a sua formação no contexto da saúde pública. Objetivo: Analisar a formação em saúde coletiva nos cursos de fonoaudiologia de Instituições de Educação Superior (IES) públicas do Nordeste, com enfoque na organização didático-pedagógica e na formação no SUS. Metodologia: Para a produção dos dados foram realizadas entrevistas com informantes-chave discentes e docentes de sete IES públicas do Nordeste. As entrevistas foram gravadas, transcritas, categorizadas e analisadas através da Análise de Conteúdo. Além disso, foi realizada uma análise documental de Currículos Lattes dos docentes fonoaudiólogos responsáveis pelos componentes curriculares de saúde coletiva nas IES públicas brasileiras identificados através da técnica “bola de neve”. Esta análise permitiu identificar o perfil da formação, atuação e publicação destes docentes. Os dados produzidos foram organizados no software IBM SPSS versão 20, gerando estatísticas descritivas, e sendo realizada a análise de correspondência. Resultados: Identificou-se na análise das entrevistas dos estudantes que estes possuem experiências formativas na saúde coletiva que favorecem uma aprendizagem no SUS, mas que possuem fragilidades na interprofissionalidade e na integração de conteúdos. Já nas entrevistas com os docentes, observou-se que os cursos de fonoaudiologia possuem uma heterogeneidade na abordagem sobre saúde coletiva e um predomínio da metodologia tradicional nos currículos, o que favorece uma fragmentação do conhecimento. Na análise do perfil de formação, atuação e produção do docente foi possível visualizar a existência de docentes que não possuíram uma formação pós-graduada em saúde coletiva e que fazem publicações de artigos na área da clínica fonoaudiológica. Adicionalmente, é possível perceber também a existência de diferenças no perfil de formação e atuação dos docentes quando se analisa esta realidade nas regiões do país, sendo a região Nordeste a que possui mais docentes com formação, atuação e publicação na área da saúde coletiva. Considerações finais: A partir da perspectiva de sujeitos implicados com a formação, este trabalho evidencia, no contexto do Nordeste, potencialidades e limites que os cursos de fonoaudiologia das IES públicas possuem para a formação em saúde coletiva e no SUS. Outrossim, o trabalho expande a análise para o âmbito nacional, através da identificação do perfil de atuação, formação e publicação de docentes, visando estimular a reflexão sobre como este perfil pode, de alguma forma, influenciar na formação em saúde coletiva.