Resumo:

Introdução: As restaurações em zircônia monolítica podem exigir ajustes em sua estrutura antes da cimentação. Diversos métodos de acabamento e polimento são sugeridos na literatura, entretanto estes podem promover mudanças estruturais e na superfície da zircônia, o que pode afetar a resistência mecânica do material em longo prazo. Objetivo: Investigar in vitro o efeito de diferentes regimes de acabamento e polimento e da degradação em baixas temperaturas na resistência à flexão, topografia superficial e transformação de fase em dois tipos de zircônia monolíticas. Metodologia: 300 barras de zircônia (Z: ice zirkon transluzent/Convencional e UT: Prettau Anterior/Ultratranslúcida, zirkonzahn, Gais, Itália) foram confeccionadas nas dimensões 2,1-1,3x 2,5x10mm, lixadas e sinterizadas, apresentando dimensões finais de 1,7-1 x 2 x 8mm. As barras foram divididas em 20 grupos (n=15) de acordo com três fatores: “Acabamento e Polimento” (C- Controle; B- Borrachas; P- Asperização com pontas; PB- Asperização com pontas + Borrachas; PG- Asperização com pontas + glaze), “Degradação” (COM_D: autoclave à 127°C, 1,7 bar /24h; sem degradação) e “Zircônia” 2 níveis (Z: Convencional; UT: Ultratranslúcida). As barras foram submetidas ao ensaio de resistência à miniflexão (3 pontos), com v:1mm/min e células de carga 500N e 5000N. Duas amostras de cada grupo foram preparadas para as análises topográficas e químicas em microscopia eletrônica de varredura (MEV)/ Espectrometria por Energia Dispersiva de Raios-X (EDS), difração de raios-x (DRX) e microscopia de força atômica (AFM). A rugosidade média de cada grupo foi avaliada qualitativamente. Os dados foram analisados estatisticamente por meio de ANOVA (3 fatores) e Tukey (5%). Resultados: ANOVA revelou que os fatores “Acabamento e Polimento” (p=0,0000; B: 1183.4MPa^A > PB: 1066.4MPa^B > C: 1012.4MPa^BC> P: 933.2MPa^C > PG: 620.9MPa^D), “Degradação” (p=0,01; com: 1007.4 MPa^A > sem: 919.1MPa^B) e “Zircônia” (p=0,0000; Z: 1398.4 MPa^A  > UT: 528.1 MPa^B) foram estatisticamente significantes. Os grupos ZPB_D (1670.2 ± 252.73)^A, ZB_D (1663.5 ± 216.80)^A e ZB (1654.7  ± 367.79^A) apresentaram os maiores médias de resistência à flexão, já os grupos da zircônia ultratranslúcida apresentaram menores médias de resistência, destacando-se o grupo UTPG (372.1±56.295)^G, o qual obteve a menor entre os demais (Tukey). As micrografias do MEV demonstraram que a camada de glaze não recobriu toda superfície da zircônia e que o uso de borrachas promoveu uma superfície mais uniforme em relação aos demais métodos. Os maiores valores de Ra estão nos grupos asperizados com ponta diamantada (UTP > UTP_D >ZP > ZP_D). Conclusão: O protocolo mais indicado para acabamento e polimento das restaurações em zircônia são o uso de borrachas ou asperização com pontas seguido pelo polimento com borrachas. A asperização seguida pelo glaze reduziu a resistência da zircônia e não forneceu uma superfície tão uniforme quanto as polidas com borrachas.