Banca de DEFESA: MATEUS GERMANO SOUZA LIRA

Uma banca de DEFESA de MESTRADO foi cadastrada pelo programa.
DISCENTE : MATEUS GERMANO SOUZA LIRA
DATA : 26/02/2019
HORA: 08:00
LOCAL: Anfiteatro das Aves do Centro de Biociências
TÍTULO:

Os peixes-anfíbios do complexo Kryptolebias marmoratus (Cyprinodontiformes: Cynolebiidae) nos manguezais neotropicais: história natural, distribuição geográfica e ecologia evolutiva


PALAVRAS-CHAVES:

Kryptolebias hermaphroditus, hermafroditismo, conservação, micro-habitat, filogeografia, ecologia.


PÁGINAS: 58
RESUMO:

A família Cynolebiidae, pertencente a ordem Cyprinodontiformes, anteriormente conhecida como Rivulidae, é mais conhecida pelos peculiares peixes-anuais, que compõe um grupo diversificado de pequenos peixes que vivem em ambientes aquáticos temporários ou perenes rasos. Com cerca de 350 espécies válidas e ampla distribuição geográfica em diversos micro-habitats continentais, geralmente córregos e pântanos rasos de água doce, com poucas espécies encontradas em águas salobras. Dentre as linhagens não-anuais está um grupo monofilético do gênero Kryptolebias, composta por sete espécies nominais válidas, ocorrendo da Flórida nos Estados Unidos a Santa Catarina no Brasil. Dentro do gênero, destacamos o grupo de espécies K. marmoratus (K. hermaphroditus, K. marmoratus e K. ocellatus) exclusivas de regiões estuarinas. Essas linhagens apresentam uma confusa taxonomia, com diagnose e distribuição geográfica incerta, devido à incompatibilidade de informações morfológicas e moleculares. Um Estudo recente com dados morfológicos sugeriu que duas espécies-irmãs, K. marmoratus (conhecida dos EUA e Caribe) e K. hermaphroditus, os únicos vertebrados auto-fecundantes conhecidos, ocorreriam no nordeste e sudeste do Brasil, respectivamente. Além de pequenas diferenças morfológicas entre as supostas espécies da costa brasileira, outras ecológicas foram apontadas, relacionadas com a distância do mar e aspectos do micro-habitat, assim como lacunas geográficas (Bahia e Sergipe e a oeste do Rio Grande do Norte) entre a distribuição geográfica das mesmas. No entanto, um amplo estudo molecular indicou que o complexo é formado por três linhagens distintas, com a ocorrência apenas de K. hermaphroditus no Brasil, conhecida somente no sudeste do Brasil até 2010. Portanto, uma ampla amostragem ao longo dos manguezais da costa brasileira foi feita nos últimos anos para levantar dados moleculares, morfológicos e ecológicos, para integrativamente determinar quais espécies ocorrem no país, e sua distribuição geográfica, assim como fornecer dados ecológicos originais destas linhagens. Foramamostradas localidades registradas em artigos e banco de dados online, inclusive a localidade-tipo, assim como novos registros, incluindo algumas áreas protegidas. Todas as coletas foram feitas de forma ativa, com peneiras de mão, além de coletas com esforço padronizado em parcelas delimitadas, aferições de dados ambientais e fauna acompanhante, para fornecer informações ecológicas. Com os dados obtidos até o momento, as áreas de ocorrência das espécies do complexo K. marmoratus para o Brasil foram ampliadas. O limite do clado Sul (K. hermaphroditus) foi expandido em cerca de 300 km ao sul, na ESEC Jureia-Itatins em São Paulo, e do clado Central de aproximadamente 1.590 km para o sul, na bacia do rio Marajó, no Pará. Novos registros foram feitos além do Pará, no Piauí, Ceará, Sergipe, Bahia, Sergipe, abrangendo assim a suposta lacuna no norte e nordeste do Brasil, descartando a hipótese de que a ausência de registros indicava a existência de uma barreira entre K. marmoratus no nordeste e K. hermaphroditus do Sudeste. As populações de K. hermaphroditus que apresentaram indivíduos com fenótipo masculino, só foram registrados em localidades do Sudeste que apresentavam dados abióticos extremos, o que levanta a hipótese de que a perda da integridade ambiental possa ativar gatilhos no desenvolvimento que resultem em machos primários. No Rio Grande do Norte, um único macho secundário foi coletado em 2015, dentro de um período de mais de seis anos de visitas ao manguezal no meio de um evento climático extremo com intensa seca na região nordeste do Brasil. As supostas lacunas de ocorrência nos manguezais do Brasil mostram que de fato a espécie apresenta ampla distribuição geográfica, mas ocupa um micro-habiat especifico, composto de poças rasas, difíceis de serem acessadas e geralmente negligenciadas por ictiólogos, corroborando a falta de inventários nas áreas intertidais nos manguezais. Embora esses peixes hermafroditas anfíbios sejam conhecidos desde o século XIX no Brasil, esses são os primeiros dados ecológicos padronizados de K. hermaphroditus, uma espécie que por suas peculiaridades reprodutivas e fisiológicas apresenta elevado potencial para estudos experimentais e ambientais. Os dados moleculares apontaram para uma maior diversidade genéticas nas populações nordeste, e um extrema homogeneidade no sudeste com um único haplótipo, além de indicar que os indivíduos do Pará estão inseridas no clado Central, indicando a presença de duas linhagens distintas do complexo K. marmoratus no norte do Brasil. Foram identificadas três linhagens na costa brasileira associadas com os regimes de marés (norte macrotidal, nordeste mesotidal, e sudeste microtidal). Assim, as diferenças morfológicas encontradas em estudo prévio podem indicar uma separação de populações, ao invés de espécies, entre o sudeste e nordeste, que pode estar realçada pela reprodução individual peculiar deste grupo de vertebrados.


MEMBROS DA BANCA:
Externo à Instituição - CARLOS EDUARDO ROCHA DUARTE ALENCAR - UERN
Externo à Instituição - FELIPE CAMURUGI ALMEIDA GUIMARÃES
Presidente - 1865104 - SERGIO MAIA QUEIROZ LIMA

Notícia cadastrada em: 13/02/2019 15:07
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