Banca de DEFESA: CHRISTIANE FERNANDES DOS SANTOS

Uma banca de DEFESA de DOUTORADO foi cadastrada pelo programa.
DISCENTE : CHRISTIANE FERNANDES DOS SANTOS
DATA : 29/06/2022
HORA: 08:30
LOCAL: Videoconferencia via Google Meet (https://meet.google.com/etm-vsby-cbz)
TÍTULO:

VOCÊ TEM SEDE DE QUÊ? O PROGRAMA DE CISTERNAS NA PROMOÇÃO DA SEGURANÇA ALIMENTAR NO SEMIÁRIDO BRASILEIRO


PALAVRAS-CHAVES:

Agricultura Familiar; P1MC; P1+2; Segurança alimentar; Colonialidade.


PÁGINAS: 145
RESUMO:

A seca que permeia o semiárido nordestino, embora apresente um caráter natural, desencadeia vários problemas de ordem social, econômica e política expressos, principalmente, pela fome, migrações, propagações de doenças e até mortes. Por décadas, o discurso de combate à seca tem fundamentado o delineamento das políticas públicas; entretanto, os seus resultados não foram suficientes para a resolução do problema. No final da década de 1990, com o fortalecimento do discurso sobre a convivência com o semiárido, a problemática da água passou a ser vista sob um novo viés, pois se observou que a causa principal não era a escassez, mas as formas de distribuição, armazenamento e governança desse recurso. Dentro deste contexto, a Articulação do Semiárido (ASA) desenvolveu o Programa de Formação e Mobilização Social para a Convivência com o Semiárido: Um Milhão de Cisternas Rurais, instigando a adoção da cultura do estoque da água, inicialmente, para o consumo humano, através do Programa Um Milhão de Cisternas Rurais (P1MC) e, posteriormente, para a produção de alimentos, através do Programa Uma Terra e Duas Águas (P1+2). Dessa maneira, a pergunta que direcionou o estudo em questão foi estruturada da seguinte maneira: como a política de cisternas tem logrado democratizar o acesso à água, garantir segurança alimentar e ser um instrumento pedagógico de ampliação da autonomia dos beneficiários? Para tanto, a análise foi centrada no Programa P1MC e no P1+2. O objetivo principal consistiu em analisar como as tecnologias advindas desses programas têm favorecido o acesso à água e ao alimento e, consequentemente, refletido na segurança alimentar das famílias beneficiadas. A tese está organizada em quatro partes principais: a primeira trata dos aspectos teóricos metodológicos da pesquisa (Introdução, fundamentação teórica e aspectos metodológicos). As demais partes consistem na elaboração de três artigos cuja finalidade foi refletir os objetivos específicos da pesquisa. O primeiro artigo, intitulado “Você Tem Sede de Quê? Os Programas de Cisternas no Semiárido Potiguar Brasileiro como Dispositivos de Desenvolvimento” objetivou analisar a evolução do processo de implementação dos Programas de Cisternas no estado do Rio Grande do Norte, apontando as possíveis implicações do desmonte dessa política para as famílias rurais do Semiárido potiguar. A partir de revisão documental e bibliográfica, reconstituiu-se a trajetória de execução desses Programas, também desenvolveu-se o estado da arte, apresentando os  possíveis cenários e consequências do seu esvaziamento. O artigo evidenciou que os Programas de Cisternas têm contribuições importantes para a agricultura familiar, que se expressam em diferentes dimensões: políticas, sociais, econômicas. Destacou-se o caráter includente da ação, a sua capacidade mobilizadora, construídos mediante a valorização dos saberes e da realidade do local. É proeminente nos estudos a referência à melhoria da qualidade de vida  da população que se iniciou com o acesso à água para consumo e, posteriormente, possibilitou a produção agroecológica, ampliando as possibilidades de segurança alimentar. Entretanto, a descontinuidade dessa política significa privar milhares de camponeses pobres de expandirem suas capacidades. O segundo, “O P1+2 e a (in) segurança alimentar no Semiárido nordestino”, buscou compreender como o P1+2 ampliou o acesso à água e ao alimento, e como isso é refletido na segurança alimentar e nas diferentes formas de liberdades das famílias beneficiadas. Através de revisão de literatura e documental, contextualizou-se as políticas de desenvolvimento para o Nordeste, a trajetória do Programa e suas contribuições para as famílias beneficiadas. A análise foi feita sob a ótica do desenvolvimento como liberdade, de Sen. Evidenciou-se que o Programa tem contribuições importantes, sobretudo, para a segurança alimentar das famílias beneficiadas. Porém, a sua descontinuidade representa um cenário de privações à segurança protetora, às oportunidades sociais e às liberdades individuais das mesmas. Por fim, o artigo “Para além da segurança alimentar: a política de cisternas sob a ótica da colonialidade/decolonialidade” teve como objetivo refletir como o P1+2 promove processos de decolonialidades a partir do acesso à água e do alimento. Como recurso metodológico, foi feita revisão de literatura e documental, assim como entrevistas com representantes de duas unidades executoras do Programa e com 42 famílias beneficiadas. A pesquisa de campo foi  realizada no Território Sertão do Apodi, no Estado do Rio Grande do Norte (RN). A análise foi feita a partir do entendimento de colonialidade/decolonialidade conforme tratado por Maldonado-Torres (2007) e Castro-Gómes (2012) dentre outros. Pode-se observar que, o P1+2 se apresenta como instrumento de decolonialidade visto que representa a conquista de toda uma luta que se fez (e faz) em favor do acesso, domínio e gestão da água, do alimento e, sobretudo, pela soberania alimentar. Fundamenta-se, em outras lógicas epistemológicas que se constroem pautadas na ecologia de saberes, conforme abordada por Santos (2007), possibilitando às famílias o rompimento de hierarquias que se construíram, por décadas, no campo do saber, do poder e do ser através das políticas implementadas sob a ótica do Combate à seca e da modernização agrícola. Apesar de ficar expressa a importância do programa como instrumento de decolonialidade, pôde-se perceber alguns elementos limitantes como por exemplo, a dificuldade financeira das famílias para assumir a contrapartida exigida pelo Programa; a dependência das famílias em relação ao poder público municipal para pagar a energia das bombas que abastecem as cisternas e, também, para o reabastecimento das mesmas em períodos de estiagens; e, a necessidade de comprar água, em determinado período do ano. O estudo apresenta uma abordagem interdisciplinar uma vez que mobiliza leituras e reflexões advindas de diferentes áreas do conhecimento. De modo geral, evidenciou-se que o P1MC e  o P1+2  possibilitam o acesso à água e ao alimento, contribuindo para a segurança alimentar das famílias beneficiadas, constituindo-se como importantes instrumentos  de decolonialidade e de liberdade. 


MEMBROS DA BANCA:
Presidente - 1678883 - CIMONE ROZENDO DE SOUZA
Interna - 1298966 - RAQUEL FRANCO DE SOUZA
Externo ao Programa - 1149547 - ROBERTO MARINHO ALVES DA SILVA - UFRNExterna à Instituição - PATRÍCIA VERÔNICA PINHEIRO SALES LIMA - UFC
Externo à Instituição - PAULO CESAR OLIVEIRA DINIZ - UFCG
Notícia cadastrada em: 27/06/2022 10:08
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