Ambientes com maior variação de temperatura selecionam corais mais resistentes ao estresse térmico?
Siderastrea stellata; mudanças globais; estresse térmico; tolerância; variabilidade ambiental.
As mudanças globais têm tornado o branqueamento de corais mais frequente e intenso, contribuindo para a mortalidade em massa desses organismos e a degradação dos recifes. Apesar disso, corais em alguns recifes têm mostrado diferentes suscetibilidades ao branqueamento e diferentes capacidades de recuperação após eventos de estresse, com alguns corais branqueando menos e sobrevivendo mais. Esse padrão pode estar relacionado à variabilidade natural da temperatura no habitat de origem dos corais, que pode influenciar diferentes mecanismos dos corais para lidar com o estresse térmico, seja por adaptação ou aclimatização. Diante disso, realizamos experimentos, em laboratório e em campo, com colônias de Siderastrea stellata de habitats com alta (poças de maré), média (recifes rasos; 2m) e baixa variação de temperatura (recifes fundos; 28m), para avaliar sua resposta ao estresse térmico e sua capacidade de aclimatização em ambientes com diferentes dinâmicas de temperatura. Corais de poça de maré branquearam menos e não sofreram grande diminuição da eficiência fotossintética quando expostos ao estresse térmico, ao passo que corais de ambientes com temperaturas mais estáveis (raso e fundo) se mostraram mais vulneráveis ao estresse térmico, branqueando mais e sofrendo grande diminuição da eficiência fotossintética. Os corais do fundo também apresentaram branqueamento e diminuição da eficiência fotossintética ao serem transplantados para ambientes mais termicamente variáveis. Nossos resultados revelaram que corais de poça de maré são mais resistentes que os de recifes rasos e fundos, sugerindo que ambientes com grande variação térmica selecionam mecanismos de tolerância que favorecem a persistência dos corais nesses locais, tornando-os também mais preparados para lidar com as mudanças climáticas.