Influência da estrutura do habitat sobre os padrões de ocupação de aves insetívoras ameaçadas da Mata Atlântica
Monitoramento acústico passivo; Centro de Endemismo Pernambuco; Fragmentação; Arbimon; Conservação;
A Mata Atlântica é a segunda maior floresta da América do Sul, considerada um hotspot de biodiversidade por ser um dos biomas mais biodiversos do mundo e por enfrentar sérias ameaças decorrentes da crescente degradação do ecossistema. As aves constituem um grupo particularmente afetado pela degradação da Mata Atlântica, muitas delas enfrentam a ameaça iminente de extinção, resultante da perda de habitat causada pelo desmatamento. Para evitar perdas de biodiversidade, é fundamental entender os efeitos da fragmentação do habitat e avaliar como as espécies respondem às mudanças na paisagem. A modelagem de ocupação tem sido uma abordagem amplamente utilizada para investigar a persistência das espécies em paisagens fragmentadas. Por meio dessa abordagem, é possível identificar áreas prioritárias, possibilitando a criação de unidades de conservação, além de embasar a formulação de políticas públicas mais efetivas. O objetivo desse estudo foi testar como as características do habitat, em diferentes escalas espaciais, afetam a ocupação das aves insetívoras ameaçadas em fragmentos de Mata Atlântica. Realizamos o estudo em 11 fragmentos florestais nos estados do Rio Grande do Norte e Paraíba. A detecção das espécies foi feita com uso de gravadores autônomos distribuídos em oito pontos aleatorizados em cada fragmento. Coletamos informações de hábitat em três escalas espaciais: escala de paisagem, de fragmento e micro-habitat. As espécies alvo foram aves insetívoras ameaçadas da Mata Atlântica. A probabilidade de ocupação de cada espécie (ψ) foi estimada usando modelagem de ocupação estática, a qual considera a detecção imperfeita. As análises foram feitas no programa MARK. Dentre as espécies ameaçadas que ocorrem na Mata Atlântica nordestina, seis foram registradas. Xenops. minutus, Herpsilochmus. pectoralis, Conopophaga. cearae, Picumnus. pernambucensis e Xiphorynchus. atlanticus e Automolus. lammi. Em geral, a ocupação de todas as espécies foi influenciada por variáveis de micro-habitat e de fragmento, e apenas X. atlanticus foi influenciada por variáveis da paisagem. As espécies responderam de forma diferente às variáveis nas diversas escalas propostas.. Notavelmente, as variáveis associadas ao fragmento e ao micro-habitat se destacaram, demonstrando serem as escalas com maior número de variáveis influenciando na ocupação das espécies. As ocupações mais baixas foram de X. atlanticus (ψ = 0.001), A. lammi (ψ = 0.003), P. pernambucensis (ψ = 0.02) e C. cearae (ψ = 0.08), as mais altas foram de H. pectoralis (ψ = 0.16) e de X. minutus (ψ = 0,89). Destacamos a importância crucial de conduzir estudos que avaliem os efeitos da fragmentação em múltiplas escalas para obter informações valiosas e promover a conservação de aves ameaçadas florestais na região Neotropical.