Tartarugas verdes na Ilha Atlântica de Fernando de Noronha, Brasil. Trinta e cinco anos de proteção (1988-2022): ecologia reprodutiva, tendências populacionais e conservação
Oceano Atlântico; Brasil; Chelonia mydas; Tartaruga verde; Monitoramento de longo prazo; Tendências populacionais; Parâmetros ecológicos; Conservação; Ilha Fernando de Noronha
O conhecimento dos parâmetros ecológicos e das tendências populacionais é fundamental para as espécies que suscitam preocupações de conservação. No caso das tartarugas marinhas, as contagens anuais de ninhos são normalmente utilizadas para estimar o tamanho da população. No entanto, informações complementares sobre parâmetros reprodutivos são necessárias para estimativas populacionais confiáveis. No Brasil, as tartarugas-verdes (Chelonia mydas) nidificam principalmente em ilhas oceânicas. Este estudo utiliza dados de monitoramento de praia de longo prazo (35 anos) para descrever a ecologia reprodutiva e as tendências populacionais das tartarugas-verdes no Arquipélago de Fernando de Noronha, Brasil. Houve uma tendência de aumento no número anual de ninhos durante o período estudado. O número médio anual de ninhos nos primeiros cinco anos de monitoramento (1988-1992) foi de 38,6 ninhos, enquanto nos últimos cinco anos (2018-2022) foi de 285,6 ninhos. Os intervalos entre ninhos variaram de 9 a 17 dias (média +- DP = 11,7 ± 1,3 dias; mediana = 12, n = 1236). Os intervalos de remigração de 3 anos foram os mais frequentes (variação de 2 a 16 anos). O período de vida reprodutiva mais longo observado foi de 25 anos. O sucesso médio de eclosão foi de 75,6% (DP = 24,8, intervalo = 0-100, n = 2612 ninhos). O crescimento no número anual de ninhos de tartaruga-verde observado em Fernando de Noronha sugere que os esforços de conservação iniciados na década de 1980 provavelmente contribuíram para a recuperação dessa população. No entanto, a pequena dimensão da população e a distribuição geográfica restrita dos ninhos, juntamente com a existência de ameaças como a pesca e as alterações climáticas, fazem com que esta população continue a ser motivo de preocupação em termos de conservação.