TERRITÓRIO COMO RECURSO E COMO ABRIGO: INVESTIMENTOS TURÍSTICO-IMOBILIÁRIOS E CONFLITOS TERRITORIAIS NO LITORAL DO NORDESTE BRASILEIRO.
Território, conflitos, turismo, litoral.
O interesse sobre as áreas litorâneas cresce à medida que as práticas de lazer e turismo se consolidam como fontes de socialização e de reprodução capitalista. Somam-se a esse dado a atual ordem econômica que acelera a circulação do capital entre circuitos da economia e territórios marginais do mercado global e os novos compromissos que o Estado assume com o setor produtivo na busca das melhores oportunidades de ganhos. Um dos resultados dessa situação é um espaço construído que inclui um padrão de urbanização e de imobiliário voltados para as necessidades de veranistas, visitantes e rentistas. Dessa forma, os territórios situados à beira mar e valorizados pelos investimentos nos setores turístico e imobiliário adquirem o status de um recurso para a acumulação. A inserção desse mercado, seus agentes e seus processos, entretanto, desencadeia conflitos com atores que não estão alinhado a tais atividades. Neste momento, evidencia-se uma outra conotação do território, posto como o abrigo de formas próprias de existência. Com esse contexto, a pesquisa tem o objetivo de investigar a ocorrência de conflitos territoriais motivados pela espacialização da atividade turístico-imobiliária em municípios defronte com o mar, ao longo do Nordeste brasileiro, evidenciando os processos de resistência desenvolvidos pelas comunidades afetadas. Trata-se de uma investigação qualitativa, que recorre a documentos, entrevista e observação participante, enquanto estratégias de coleta de dados. Os dados preliminares apontam para conflitos concentrados na Região Nordeste, promovidos, principalmente, por atores hegemônicos da produção do espaço - o setor imobiliário e o Estado -, no qual terras litorâneas, situadas em povoados rurais, são os principais recursos em disputa com grupos populacionais dependentes desse recurso para a reprodução social. São processos de desterritorialização que utilizam estratégias materiais e simbólicas para efetuar o domínio sobre o espaço. O avanço da pesquisa proporcionará o exame da lógica dos investimentos públicos e privados para a ocupação do litoral nordestino, foco dos conflitos, mas principalmente, desvelar as principais estratégias de re- territorialização e formas de r-existência desenvolvidas por atores não-hegemônicos em diferentes contextos de luta.