EM BUSCA DE SOCIEDADES SUSTENTÁVEIS: REFLEXÕES SOBRE INTERPRETAÇÃO AMBIENTAL EM UNIDADES DE CONSERVAÇÃO DE PROTEÇÃO INTEGRAL, A PARTIR DO ESTUDO DO CASO DO PARQUE NACIONAL MARINHO DOS ABROLHOS/BA
Ecoturismo; Interpretação Ambiental; Educação Ambiental; Unidades de Conservação; Sociedades Sustentáveis.
A grave crise socioambiental que vivemos exige transformações estruturais na relação entre sociedade e natureza. Este trabalho busca aprimorar o entendimento de uma ferramenta com grande potencial para contribuir para estas transformações: a Interpretação Ambiental (IA) aplicada ao ecoturismo em Unidades de Conservação (UCs) brasileiras de proteção integral. Com o objetivo geral de refletir sobre a pertinência dos planos de IA nas UCs de proteção integral no Brasil, foi analisado o Plano Interpretativo (PI) do Parque Nacional Marinho (PARNAMAR) dos Abrolhos, Brasil, tendo em vista a transição para Sociedades Sustentáveis. Para isso, este estudo foi dividido em dois capítulos, na forma de artigos científicos: no primeiro, o objetivo foi investigar a importância da IA enquanto instrumento da educação ambiental (EA) crítica no ecoturismo em UCs, destacando o papel da elaboração de PIs, no intuito de definir os critérios para analisar o PI do PARNAMAR dos Abrolhos. Através de uma análise qualitativa de dados, realizou-se uma revisão de literatura, buscando o diálogo interdisciplinar entre diversas perspectivas discursivas para compreender o paradigma da IA e EA no âmbito do ecoturismo em UCs. Como resultado, percebe-se que, para os PIs potencializarem o ecoturismo como uma atividade de impacto socioambiental positivo e transformador, eles precisam estar alinhados a princípios educadores ambientalistas, ou seja, à EA crítica. No segundo capítulo, o objetivo foi fazer um diagnóstico qualitativo do caráter participativo do processo de elaboração do PI do PARNAMAR dos Abrolhos, elaborado entre 2017 e 2018. Para tanto, foram utilizadas três fontes de evidência para análise: documentação, observação assistemática, e entrevistas semiestruturadas, realizadas no mês de abril de 2022. Dentre os entrevistados, estão servidores do ICMBio e colaboradores locais representantes das treze instituições participantes da elaboração do PI. Os resultados mostram que: apesar dos participantes terem sido ouvidos, faltou melhor compreensão sobre IA, a quantidade de atividades foi pontual e insuficiente e faltou também maior envolvimento das pessoas da comunidade no processo tempo. Além disso, constatou-se que a sensibilização obtida como resultado do processo foi pontual e efêmera. Portanto, nosso principal diagnóstico do caso é que, ao não vincular o PI a um caráter educativo mais profundo, conforme os princípios da EA crítica, perde-se oportunidade de estimular os participantes a questionar mais direta e profundamente certos valores e princípios da sociedade. Isso de modo a contribuir para um esclarecimento e engajamento maior dos sujeitos em transformações estruturais exigidas pela busca de soluções de problemas ambientais atuais, na perspectiva da transição para sociedades sustentáveis.