Investigação de parâmetros bioquímicos em dois modelos animais de depressão induzidos por desamparo aprendido e ativação do sistema imunológico
Depressão, dano oxidativo, desamparo aprendido, LPS, citocinas pró-inflamatórias.
A depressão reduz a qualidade de vida do indivíduo, compromete a funcionalidade profissional e social e é considerada a principal causa para incapacidade em termos de anos perdidos no curso da doença, atualmente estima-se que 350 milhões de pessoas no mundo vivem com depressão. Apesar da severidade relatada, ainda não há uma compreensão clara dos substratos neurais anormais na depressão, por isso o estudo de modelos animais que investiguem a etiologia deste transtorno torna-se extremamente necessário. Este trabalho buscou comparar alterações bioquímicas ocorridas no soro, hipocampo e córtex pré-frontal (CPF) de camundongos submetidos a dois modelos animais de depressão induzida por desamparo aprendido e por inflamação. O teste de desamparo aprendido resultou em média de 70 % de animais desamparados, verificados pela falha em escapar aos choques 24 h e 48 h após a sessão de indução do desamparo. Os 30 % restantes foram considerados resilientes. A análise do dano oxidativo acompanha o dano comportamental, os animais desamparados apresentaram mais proteínas carboniladas e malonaldeído (MDA) no CPF e soro, quando comparados aos animais controles, não submetidos ao protocolo de desamparo aprendido. Não foi visto diferença significativa entre os grupos desamparados e resilientes, porém, nas 24 h após a sessão de indução, os animais que escaparam mais rapidamente dos choques tiveram menores concentrações de MDA no soro e CPF. A quantidade da citocina pró-inflamatória IL-6 no CPF, hipocampo e soro dos animais desamparados e controle não mostrou diferença significativa entre os grupos. A administração sistêmica de LPS (0,8 mg/kg, intraperitoneal) induziu um comportamento doentio nos animais, caracterizado por diminuição da ingestão de água e comida, perda de peso e alteração da temperatura retal nas primeiras 6 h após a injeção. Em 24h o estado doentio diminuiu e observa-se o restabelecimento da temperatura retal e normalização da locomoção. Porém, no teste de suspensão pela cauda, os animais que receberam LPS apresentaram imobilidade aumentada em comparação aos animais que receberam salina. A análise do dano oxidativo nesses animais mostrou mais proteínas carboniladas e MDA nas estruturas do CPF, hipocampo e soro dos animais que receberam LPS em comparação aos que receberam salina. Foi analisada a quantidade da citocina pró-inflamatória IL-6 nas mesmas estruturas relatadas acima, e não foi vista nenhuma alteração na proteína IL-6, indicando que a inflamação induzida pela administração de LPS foi transitória. Os resultados apresentados apontam para uma participação do dano oxidativo no comportamento do tipo depressivo nos dois modelos animais de depressão.