CETICISMO E FUNDAMENTAÇÃO NO SISTEMA DE HEGEL
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Este projeto de tese pretende examinar a natureza da relação que Hegel estabelece com a tradição do pensamento cético. Nossa abordagem consiste em três momentos. O primeiro tem lugar no estudo crítico de Hegel do tipo de ceticismo advogado por Schulze, estudo no qual verificamos que este cético moderno teria se equivocado a respeito da verdadeira natureza das fontes do seu ceticismo, o pirronismo; o segundo, por seu turno, tem lugar na leitura hegeliana do ceticismo pirrônico, com o intuito de evidenciar o que há de louvável, filosoficamente falando, nesse tipo de postura cética, bem como o que há nela de reprovável, dado a existência, ind icada por Hegel, de algumas inconsistências internas; o terceiro momento, enfim, baseia-se no argumento de que a função que desempenha o ceticismo antigo na dinâmica interna do sistema hegeliano é mais importante do que parece à primeira vista, de sorte que a mencionada relação estabelecida pelo nosso autor com os céticos não se deixa circunscrever a uma perspectiva meramente interpretativa. Muito antes, contudo, sustentamos que ela guarda íntima ligação com a preocupação hegeliana de encontrar alicerces seguros para fundamentar seu sistema. Vamos, então, mostrar em que medida os conceitos que alicerçam o sistema dialético de Hegel – tanto o do puro ser como o da circularidade do sistema – são adquiridos, no começo da grande Logik, junto às implicações céticas dos cinco tropos &l dquo;posteriores” da suspensão do juízo, cuja autoria é atribuída por Sexto Empírico, no livro primeiro das Hipotiposis Pirrônicas, ao cético Agripa.