Da representação social sobre ser professor da EJA à descoberta de seu aluno com referente.
Representações Sociais. Formação de Professores. Educação de Jovens e Adultos.
Evidenciando como objeto de estudo a representação social que os docentes atuantes na Educação de Jovens e Adultos possuem a respeito do ―ser professor‖ nesta modalidade de ensino, objetivamos, por meio desta pesquisa, compreender a existência desta representação em meio aos professores atuantes nos períodos iniciais da EJA, tendo como fundamentação a Teoria das Representações Sociais (MOSCOVICI, 1978, 2003; JODELET, 2001; ABRIC, 1998). Para isto, contamos com a participação de cento e dez (110) profissionais que lecionam em escolas da Região Metropolitana de Natal. Nessa busca, utilizamos dois procedimentos metodológicos: o grupo focal (GATTI, 2005) e o procedimento das classificações múltiplas – PCM – (ROAZZI, 1995). Através do grupo focal, que contou com a participação de oito (08) professores, buscamos conhecer as percepções que estes possuem sobre a EJA, o que foi alcançado por meio da análise de conteúdo (BARDIN, 1977; FRANCO, 2007), tendo como evidência a categoria: o contexto da EJA sob o olhar docente. Para a realização do PCM, contamos com (20) participantes em sua primeira etapa, a técnica de associação livre de palavras – TALP – (ABRIC, 1998), e (90) para a segunda – incluindo aqueles participantes também do Grupo Focal. Os resultados deste procedimento passaram pelas análises multidimensional e de conteúdo. A primeira evidenciou três facetas: dimensão do ter e do ser docente (ideal), que trata das características e dos comportamentos que, segundo os professores, definem um profissional modelo; relação docente/discente, voltada às questões que permeiam as dificuldades, as dúvidas e também os êxitos desta relação; e, por fim, a dimensão conflitiva da/com a prática, centrada nos conflitos vividos pelos docentes mediante a prática com a EJA. A análise de conteúdos, tendo como base a organização dos temas oriundos do material interpretado, revelou-nos quatro categorias: atributos do ter para ser, que retrata igualmente as definições do professor ideal, o que precisa ter para ser este profissional; discursos sobre a docência, reveladora do que pensam os professores sobre o saber e o fazer do docente; obstáculos à EJA, que evidencia situações ou condições que dificultam a atuação na EJA; e, ainda, o ingresso do docente na EJA: vislumbrando razões, cujo teor expressa os motivos que impulsionaram os professores a ingressarem na EJA ainda que formados para a prática com crianças. O conjunto dessas análises nos evidenciou o pouco domínio dos professores participantes desta pesquisa a respeito da origem, do significado e da natureza da EJA enquanto uma modalidade singular de ensino; a confirmação de uma representação social do ―ser docente‖ numa visão generalista, demarcando, com isto, a inexistência de uma representação social do ―ser professor da EJA‖; além da identificação de uma representação social de ―aluno da EJA‖ enquanto elemento marcante na referência às singularidades que definem a referida modalidade de ensino.