NARRATIVAS INFANTIS:
O QUE NOS CONTAM AS CRIANÇAS DE SUAS EXPERIÊNCIAS
NO HOSPITAL E NA CLASSE HOSPITALAR
Narrativas infantis. Pesquisa (auto)biográfica. Infância hospitalizada. Escolarização hospitalar. Classe hospitalar.
Esta dissertação tem como foco as narrativas de crianças hospitalizadas com doenças crônicas. O objetivo geral é depreender, a partir do olhar da criança em tratamento de saúde, as contribuições da classe hospitalar para seu processo de inclusão escolar. A pesquisa se insere na abordagem qualitativa de cunho etnográfico e fundamenta-se nos princípios e métodos da pesquisa (auto)biográfica em educação e nas teorias da escolarização hospitalar. Participaram da investigação 05 (cinco) crianças, entre 06 (seis) e 12 (doze) anos de idade, em tratamento no Centro de Onco-Hematologia Infantil, do Hospital Infantil Varela Santiago, em Natal-RN. O corpus utilizado para a análise compreende 05 (cinco) entrevistas narrativas, 03 (três) desenhos, realizados pelas crianças, além dos registros no diário de campo da pesquisadora. As fontes foram recolhidas durante os meses de agosto de 2010 a fevereiro de 2011. A análise revelou que a inclusão pela classe hospitalar, além de assegurar o direito à educação, contribui para a construção de estratégias de enfretamento ao adoecimento e à hospitalização, na medida em que promove autonomia, conforto, ludicidade e o conhecimento de si mesmo, do outro e do mundo, amenizando o estresse decorrente da internação hospitalar. A figura da professora da classe hospitalar assumiu, nas vozes das crianças, um papel apaziguador e minimizador da dupla exclusão que o adoecimento e a hospitalização provocam, evidenciando as contribuições para a (re)construção de identidades fortalecidas e a constituição de subjetividades. As crianças entrevistadas afirmam que as classes hospitalares deixa o hospital mais alegre. A ludicidade e as aprendizagens experienciadas no hospital são vistas pelas crianças como ações que vão além do tratamento físico da doença, uma vez que lhes proporciona a aceitação e a compreensão da hospitalização e do adoecimento, ao transmitir-lhes segurança afetiva e emocional. Em conclusão, as narrativas das crianças ratificam que o serviço da classe hospitalar assegura a continuidade da escolarização, mas elas revelam, notadamente, que esse serviço proporciona-lhes a socialização entre pares e com os adultos, fortalecendo os aspectos emocionais, sociais e cognitivos, numa perspectiva de atenção biopsicossocial.