AVALIAÇÃO DO IMPACTO DAS INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS GRAVES EM GESTANTES HOSPITALIZADAS: RELEVÂNCIA CLÍNICA E DESFECHOS MATERNO-FETAIS
interações medicamentosas, gravidez de alto risco, relevância clínica, hospitalização, monitoramento de medicamentos.
OBJETIVO: avaliar o impacto em parâmetros clínicos e em desfechos materno-fetais de interações medicamentosas (IM) graves em gestantes de alto risco hospitalizadas. METODOLOGIA: Estudo coorte prospectivo com 571 gestantes hospitalizadas entre setembro de 2019 a junho de 2022 com idade média de 30,6 anos, na maioria com diagnóstico de síndromes hipertensivas (69.7%) e diabetes mellitus gestacional (57.1%). Diariamente, as IM foram caracterizadas através do banco de dados Lexicomp® e parâmetros clínicos relacionados aos seus mecanismos de ação foram monitorados. Para avaliar a potencial influência das principais IM graves nos parâmetros clínicos e desfechos materno-fetais, foi utilizado modelos de regressão logística multivariado ajustado pelos principais fatores de risco para ocorrência de IM. RESULTADOS: Identificamos 203 gestantes com uma ou mais IM graves (35,6%) e os fatores de risco para sua ocorrência foram a idade gestacional (AOR: 0.958; IC95%: 0.932-0.984, diagnóstico de hipertensão (AOR: 3.997; IC95%: 2.493-6.409), número de medicamentos (AOR: 1.088; IC95%: 1.031-1.148) e tempo de tratamento (AOR:1.184; IC95%: 1.116-1.257). O uso concomitante de dipirona e ácido acetilsalicílico acarretou aumento na pressão arterial sistólica (AOR: 2,124; IC95%: 1,008-4,474), pacientes em uso simultâneo de escopolamina e levomepromazina apresentaram maior sonolência (AOR: 5,375; IC95%: 1,660-17,398) e discreto aumento da temperatura (AOR: 5,956; IC95%: 1,226-28,982). CONCLUSÃO: Gestantes hospitalizadas, especialmente aquelas com menor idade gestacional e diagnóstico de síndromes hipertensivas, são expostas a interações medicamentosas graves, mas estas interações não apresentam impacto significativo nos desfechos clínicos materno-fetais.