Produção do espaço e reestruturação produtiva do setor de laticínios no Rio Grande do Norte.
Produção do espaço, reestruturação produtiva, setor de laticínios, Rio Grande do Norte.
Ao longo das ultimas décadas, o Brasil tem passado por inúmeras transformações em suas estruturas econômicas e produtivas, as quais possuem relação simbiótica com a organização e dinâmica do território brasileiro. Esse conjunto de transformações econômicas, sociais e técnico-científicas desenvolve-se no bojo da reestruturação produtiva do capital, processo que ocorre em escala global, mas que se efetiva com particularidades nos diferentes lugares. Partindo dessa premissa a presente pesquisa teve como objetivo principal analisar a reestruturação produtiva do setor de laticínios no Rio Grande do Norte, destacando sua relação com o processo de produção/organização do espaço e seus reflexos sobre as relações sociais de produção. A metodologia adotada para elaboração deste trabalho pautou-se na realização de revisão bibliográfica acerca dos processos de produção do espaço e reestruturação produtiva, pesquisa documental sobre a dinâmica do setor de laticínios no Rio Grande do Norte, bem como sobre as instruções normativas que regulamentam a produção de derivados lácteos no Brasil, paralelamente efetuamos a coleta de dados secundários, junto a órgãos oficiais, como IBGE, EMATER e SINDLEITE. Outro importante recurso metodológico foi à realização da pesquisa de campo, a qual nos permitiu conhecer empiricamente as distintas realidades vivenciadas pelos agentes que atuam no sistema produtivo do leite no Rio Grande do Norte. As análises ora realizadas evidenciam que o processo de reestruturação produtiva do setor de laticínios é fomentado, sobremaneira pelo Estado, que financia, incentiva e normatiza a produção de lácteos no país. No caso específico do Rio Grande do Norte, este processo é impulsionado pela criação do “Programa do Leite”, o qual por meio da constituição de um mercado institucional contribui para o fortalecimento e expansão das indústrias, em detrimento do setor artesanal de processamento. Ainda assim os agricultores familiares seguem atuando na atividade, seja somente produzindo e comercializando leite in natura, fornecendo leite para unidades de processamento, intermediando a produção de seus pares ou beneficiando artesanalmente o leite nas queijeiras tradicionais presentes em todo o estado do Rio Grande do Norte. Os resultados obtidos revelam que é complexa teia de relações de relações sociais de produção que se estabelecem no amago da atividade laticinista no Rio Grande Norte, estas sendo sumariamente marcadas pelas relações de concorrência e complementariedade, entre os setores industrial e artesanal de processamento do leite.